sábado, 29 de fevereiro de 2020


O romance “O Triunfo” de Ranulfo Prata.


Do meu amigo de Lagarto, José Carvalho de Meneses (Juquinha), recebi uma nova edição do romance “O triunfo”, escrito por Ranulfo Prata, cuja primeira publicação aconteceu no Rio de Janeiro, no ano de 1918, quando o escritor contava apenas com 22 anos de idade. 

O exemplar que recebi do Juquinha é uma reedição comemorativa do centenário da primeira publicação e foi organizada por uma equipe composta de alguns integrantes da Academia Lagartense de Letras: Beatriz Gois Dantas, Claudefranklin Monteiro Santos e Paulo Andrade Prata. 

Capa da nova edição do livro "O Triunfo"

                                                                                                             
A casa do Cel.. Felisberto Prata  e, posteriormente , a antiga Prefeitura
Ranulfo Prata nasceu em Lagarto, em 1896, mas, ainda criança, passou a residir em Simão Dias, onde aprendeu as primeiras  letras e encontrou inspiração para seu trabalho intelectual. Seus pais, Cel. Felisberto Prata e D. Ana Hora Prata, moravam em um casarão na Avenida Cel Loyola, antiga Rua da Feira, prédio que depois passou a ser a Prefeitura da cidade, no local onde atualmente funciona Banco do Nordeste. O Cel. Felisberto Prata era um bem sucedido comerciante e empreendedor em nossa terra. Foi ele quem teve o primeiro automóvel da cidade, foi o pioneiro na instalação de telefone; contribuiu para a instalação da primeira usina elétrica e construiu o primeiro teatro, que também  passou a ser o primeiro cinema, o Cine e Teatro Silvio Romero (o mesmo prédio que, nos anos 50/60, conhecemos como Cine Ipiranga). 

Na primeira parte do romance “O Triunfo”, Ranulfo Prata descreve fatos e pessoas de nossa cidade no início do século passado, época que era denominada de Anápolis. Ele menciona as festas, os lugares de conversas e mexericos, as noticias do jornal da cidade e a rivalidade política, que se estendia até às duas bandas de músicas protegidas pelos partidos. O interessante é que o escritor descreve as filarmônicas com os seus nomes e apelidos reais: a Lira Santana, conhecida como Lambe-tudo, e Lira Santa Cecília, apelidada de Cacumbi. O jornal também é descrito com o nome do que circulava em Simão Dias naquela época: A Luta.

No que diz respeito ao jornal A Luta, editado em Simão Dias pelo jornalista Emílio Rocha, vale ressaltar que nas pesquisas que fiz na Biblioteca Epifânio Dória, encontrei e copiei várias notícias sobre Ranulfo Prata, inclusive entrevistas que concedera na residência seus pais. Também naquele jornal, edição de 27/02/1938 (ver cópia abaixo), meu tio Francino Silveira Déda, usando o pseudônimo Frasilde, fez bons comentários sobre as obras de Ranulfo Prata. A crônica de meu tio foi transcrita no livro Ranulfo Prata Vida & Obra, organizado por Gilfrancisco, editado pela EDISE, em 2018, pg. 198.
Página do jornal A LUTA e o artigo de meu tio Francino Silveira Déda(que assinou com o pseudônimo Frasilde)

Em maio de 2016, comentei, aqui, o trabalho de Ranulfo Prata e mencionei o seu livro “Navios Iluminados”, 5ª edição, publicado pela Universidade de São Paulo (USP), em 2015 (volume que me foi presenteado pelo colega Gilberto Duarte Abreu, que reside na capital paulista). Na parte final da apresentação daquele livro, a Profª Marisa Midori Deaecto dizia que já era época de redescobrir a obra do escritor patrício.(*) 

Demorou, mas, recentemente, foi redescoberto em nossa terra.

E isto acontece graças àqueles que se preocupam com a nossa cultura e, aqui, vale destacar a  atuação do simãodiense Belivaldo Chagas, Governador do Estado, que  através da EDISE – Editora Diário Oficial do Estado de Sergipe, divulga as importantes obras desse escritor sergipano.
 O meu abraço agradecido ao Juquinha, pela lembrança e  pelo livro.

(*)(Ver https://carlosalbertodeda.blogspot.com/2016/06/lendo-naviosiluminados-o-romance-de.html).

Aracaju, 27/02/2020
Beto Déda

2 comentários:

  1. Além da lembrança e da valorização do escritor, é muito gostoso avivar a história da simpática cidade onde a vida comunitária vibrava através da interação direta entre as pessoas.
    A minha geração não conheceu ao vivo esta competição entre OS CACUMBÍS e a LAMBE TUDO. Eu conheci apenas através do livro do meu avô ZÉCA e do testemunho do meu avõ SISSÍ. Este último nunca esqueceu destas competições e sempre se orgulhou de ser membro da CACUMBÍ, juntamente com seu compadre Nonô. Para ele a CACUMBÍ sempre foi a melhor, apesar da LAMBE TUDO ser mais reconhecida.

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    1. É isso mesmo, Marco. No livro Simão Dias - Fragmentos de sua história - meu pai faz comentários sobre as duas filarmônicas. E no jornal A SEMANA, edição de 19-05-56, ele escreveu uma crônica maravilhosa, com o título "Por que chorei", narrando lembranças das tradicionais bandas Cacumbi e Lambe-Tudo. Este artigo foi transcrito no livro Carvalho Déda Vida & Obra - paginas 192/194. Vale a pena ler.

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