quarta-feira, 30 de agosto de 2017


O check-up de um "biriteiro"...

Tenho um amigo e conterrâneo que adora cerveja. Tudo é motivo a ser comemorado com uma taça da “loira gelada”. E não falta acontecimento para ele celebrar com um bom gole.

O fato é que essa paixão pela gostosa loira deixou intrigada a mulher do gajo bebedor. Não por ciúme (ela não era de ciumar). É que a dedicada esposa achou que o marido estava se excedendo nos goles e isto poderia causar-lhe algum problema de saúde. A preocupação foi crescendo à medida que os anos se passaram e a recomendação da mulher se tornando uma chatice. Todos os dias ela vociferava:

- Você tem que se cuidar. Este seu costume de todo dia levantar o copo não é bom pra saúde. Pratique exercícios físicos saudáveis.

E concluía em tom imperativo: Aprume-se, homem!

O amigo dava de ombros e virava o copo.


O certo é que a mulher começou a pensar que a saúde do marido estava fraquejando e insistiu que ele devia fazer um check-up médico.

A insistência da preocupada esposa convenceu o o paciente marido. Ele foi ao médico que o orientou a fazer uma bateria de exames.

No fim de semana anterior ao dia marcado para realização dos exames, ele não bebeu. E justificava que estava evitando a “loirinha” para que o teor alcoólico não influenciasse nos resultados.

Na manhã do dia programado ele compareceu ao laboratório antes mesmo do horário previsto para início do atendimento. Foi um dos primeiros da fila. A atendente era uma jovem simpática que anotou as requisições do médico e o cartão do plano de saúde.

Enquanto isto, ele debruçava-se no balcão, fixando os olhos gulosos na parte visível dos seios exuberantes da atendente. Estava desta forma, absorto em pensamentos maliciosos, quando foi surpreendido por uma indagação da moça:

- Veja bem, senhor, nesta relação de exames está um que o seu plano de saúde não cobre.  Nesse caso, se quiser fazê-lo, o senhor terá que pagar.

Ele tirou os olhos do bendito califom e, fitando o bonito rosto da moça, pediu informações sobre o tal exame. Mas não deixou que ela complementasse a resposta. Negou-se a pagar. Mandou que riscasse aquilo da lista. 

Uma senhora curiosa que estava ao lado não se conteve ao ouvir aquele diálogo. Era uma coroa que transparecia ser destas pessoas que dizem saber tudo sobre doenças, remédios e médicos. Então ela se virou para o amigo e o aconselhou a fazer o exame. “O custo não é grande e o resultado poderá ser importante”, disse ela.  E esclareceu, com muitos argumentos pessimistas, que não se deve economizar quando se trata de saúde.



Ao ouvi-la, o amigo meteu a mão em um dos bolsos, contou as cédulas correspondentes ao valor do exame, separando-as e guardando-as em outro bolso. Olhou bem para as duas, piscou para a alegre atendente,  e justificou:

- Se o plano de saúde não autoriza esse exame, eu também não vou autorizar. E o valor correspondente sai de um bolso e vai pra o outro, reservado ao pagamento de um engradado de cerveja para meu deleiteE começarei a bebericar ainda hoje, antes do almoço.

Não é pouco dizer que a coroa curiosa ficou boquiaberta, transparecendo malquerença, enquanto a simpática atendente esboçava um sorriso encantador.

Dito e feito, logo que recebeu o resultado dos exames o amigo saboreou uma loira gelada (sem colarinho) e eu o acompanhei com muito gosto. Enquanto virávamos o copo, contou-me ele que o médico nada indagara sobre o tal exame não realizado e, depois de analisar os resultados do check-up, afirmou que sua  saúde está nota dez.

...

PS- Ao finalizar cabe uma advertência: aqui não se faz apologia ao uso de bebidas alcoólicas, mas é uma história real e recente, que me foi contada por um simãodiense que aprecia moderadamente uma boa cerveja.  


Aracaju, 30/08/2017


Beto Déda