Relembrando o Grupo
Escolar Fausto Cardoso.
Na
última sexta-feira, dia 11, estive em Simão Dias, participando da Abertura da
Exposição Fotográfica Déda Presente
(Fotografias de Janaína Santos e de Marcelo Déda). A solenidade aconteceu no
Grupo Escolar Fausto Cardoso, onde Marcelo estudou e naquele dia, se vivo
estivesse, ele completaria 56 anos de idade.
A data foi escolhida para iniciar a fase itinerante da Exposição Fotográfica que homenageia a história de um homem e gestor público que, com apenas 53 anos de vida, realizou mudanças significativas na vida dos sergipanos.



Foi
uma homenagem bonita, com interpretação de poemas de autoria de Marcelo e
apresentação da orquestra de jovens do Bairro Santa Maria, de Aracaju, que ele
foi um grande incentivador.
Não é demais dizer que me emocionei com as palavras
dos oradores e, de modo especial, as de Belivaldo Chagas ao lembrar as
brincadeiras dele e do meu saudoso sobrinho quando eram alunos daquela escola.
O Grupo Escolar Fausto Cardoso nos encanta pela tradição do bom ensino e nos orgulha saber que alisaram seus bancos conterrâneos ilustres que honram Sergipe: políticos (governadores, senadores, prefeitos, deputados e vereadores), juristas (desembargadores, juízes e advogados), intelectuais (atores, poetas, escritores e jornalistas). Muitos deles imortalizados em Academias de Letras do nosso Estado.
Já escrevi para os amigos do facebook e os leitores desse blog algumas lembranças de
nossa tradicional casa de ensino. Repasso algumas delas
para avivar a memória dos conterrâneos.
Dizem
os mais velhos que aquele prédio foi construído no século passado, lá pelos
anos 20, e que a águia que encima o seu topo representava a marca do governo
Graccho Cardoso. Era, e ainda hoje é, um prédio imponente, com suas escadarias,
cujos corrimãos, também de cimento, deslizávamos em rápidas descidas, puindo os
fundilhos de nossas fardas.
Muitas são as recordações que tenho do
velho grupo escolar. Para início, vamos lembrar o hino e do jornalzinho de
nossa escola.
O
Canto Orfeônico
Além das aulas normais do curso
primário, a querida Prof. Olda do Prado Dantas também ensinava canto orfeônico.
E suas aulas transbordavam bondade e alegria. Aprendíamos os hinos pátrios e
outros cantos, dentre os quais o que chamávamos de “pastorzinho que solfejava”,
de refrão inesquecível:
“Havia um
pastorzinho, que vivia a cantar: dó-ré-mi-fá...fá-fá... dó-ré...ré-ré...
sol-fá-mi...mi-mi... do-ré-mi-fá...fá-fa”
Todos os dias, no início e no final do
turno, tia Vina Déda ou d. Rosália tocava o sino e todos os alunos
perfilavam-se no grande corredor para cantar o hino escolhido para dia (Hino
Nacional, da Independência, da Bandeira etc.), culminando sempre com o hino do
próprio grupo, de letra do meu saudoso pai, que além de outras atividades era
inspetor escolar e foi diretor daquele Grupo. Relembro aqui os versos de nosso
hino:
"Somos
do Grupo Fausto Cardoso/
Disciplinados
estudantes.
Cada
estudante, um corajoso
E
cada mestre, um bandeirante.
A
escola chama, a pátria quer
Que
a juventude venha aprender/
Os
nossos livros são os instrutores
Que
nos ensinam a combater.
A
pátria quer que o juvenil,
Estudioso
e varonil,
Seja
a defesa do Brasil."
E cantávamos, com muito garbo, sob a regência
da querida professora Olda. Bons tempos, felizes dias...
O
jornalzinho “O Ideal”
Embora não tenha sido do meu tempo, dizem os
que ali passaram em épocas anteriores, que o grupo escolar tinha um
jornalzinho, intitulado “O IDEAL”, fundado no ano de 1934 pelos alunos do 4ª
ano e publicado sob a supervisão do diretor da escola.
É verdade! Sua
publicação se estendeu até a primeira metade dos anos 40, conforme atesta o
exemplar que escapou da voraz ação do tempo; uma edição de 1º/Out/1942, época
que a cidade tinha o nome de Anápolis.
No ano de 1942 a diretoria do
jornalzinho era composta dos seguintes alunos: o diretor era José Rosa
Montalvão, irmão de Hélio, de Iolanda e tio de José Carlos Montalvão; o
secretário era José Matias Neto – sobrinho de Francisco Matias–; o tesoureiro
era Alexandre Cardoso da Silva, filho do José Leonel, irmão de Pedro, Cecília e
Rita Cardoso.
Escreveram nesse exemplar que conservo em meus arquivos (número
36, de 1º/out/42): além dos diretores, os seguintes alunos: Valdeci Oliveira
Fonseca (filha de Messias Fonseca, gerente dos Correios/Telegrafo), Maria
Conceição Santos, Josefa Correia Santos, Marieta Fonseca, Valdeci Guerra (filha
de Cícero Guerra), Zaíra Oliveira (filha de Milton Oliveira), Mariolanda,
Francisco Teles e Diógenes Carvalho. Também tem um artigo de meu pai: “Reminiscências Anapolitanas”. Ele era o
diretor do Grupo Escolar, orientador e supervisor do jornalzinho e nesse artigo
usou o pseudônimo CARDÉ (sílabas
iniciais de Carvalho Déda).
Vejam a seguir fotografias de formaturas dos anos 40 e 50 e as páginas do jornalzinho
do Grupo Escolar Fausto Cardoso, de Simão Dias, que na época era denominada “Anápolis”.
Aracaju, 15/03/2016
Beto Déda
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Turma de 1941 |
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Turma de 1953 |
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Nesta segunda página, nota-se o Expediente do jornal, com os nomes dos alunos dirigentes, e notícias escritas pelos estudantes. |
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Na 3ª página vemos também outras notas e artigos escritos por estudantes. |
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Na 4ª página, o Balancete da prestação de contas e outros artigos escritos pelos alunos. |