quarta-feira, 16 de março de 2016


Relembrando o Grupo Escolar Fausto Cardoso.
Na última sexta-feira, dia 11, estive em Simão Dias, participando da Abertura da Exposição Fotográfica Déda Presente (Fotografias de Janaína Santos e de Marcelo Déda). A solenidade aconteceu no Grupo Escolar Fausto Cardoso, onde Marcelo estudou e naquele dia, se vivo estivesse, ele completaria 56 anos de idade.


A data foi escolhida para iniciar a fase itinerante da Exposição Fotográfica que homenageia a história de um homem e gestor público que, com apenas 53 anos de vida, realizou mudanças significativas na vida dos sergipanos.
 
Foi uma homenagem bonita, com interpretação de poemas de autoria de Marcelo e apresentação da orquestra de jovens do Bairro Santa Maria, de Aracaju, que ele foi um grande incentivador.
 
Não é demais dizer que me emocionei com as palavras dos oradores e, de modo especial, as de Belivaldo Chagas ao lembrar as brincadeiras dele e do meu saudoso sobrinho quando eram alunos daquela escola.  

 

O Grupo Escolar Fausto Cardoso nos encanta pela tradição do bom ensino e nos orgulha saber que alisaram seus bancos conterrâneos ilustres que honram Sergipe: políticos (governadores, senadores, prefeitos, deputados e vereadores), juristas (desembargadores, juízes e advogados), intelectuais (atores, poetas, escritores e jornalistas). Muitos deles imortalizados em Academias de Letras do nosso Estado. 
 
Já escrevi para os amigos do facebook e os leitores desse blog  algumas lembranças de nossa tradicional casa de ensino. Repasso algumas delas para avivar a memória dos conterrâneos.
 
Dizem os mais velhos que aquele prédio foi construído no século passado, lá pelos anos 20, e que a águia que encima o seu topo representava a marca do governo Graccho Cardoso. Era, e ainda hoje é, um prédio imponente, com suas escadarias, cujos corrimãos, também de cimento, deslizávamos em rápidas descidas, puindo os fundilhos de nossas fardas.
 
Muitas são as recordações que tenho do velho grupo escolar. Para início, vamos lembrar o hino e do jornalzinho de nossa escola.
O Canto Orfeônico

Além das aulas normais do curso primário, a querida Prof. Olda do Prado Dantas também ensinava canto orfeônico. E suas aulas transbordavam bondade e alegria. Aprendíamos os hinos pátrios e outros cantos, dentre os quais o que chamávamos de “pastorzinho que solfejava”, de refrão inesquecível:
“Havia um pastorzinho, que vivia a cantar: dó-ré-mi-fá...fá-fá... dó-ré...ré-ré... sol-fá-mi...mi-mi... do-ré-mi-fá...fá-fa”

Todos os dias, no início e no final do turno, tia Vina Déda ou d. Rosália tocava o sino e todos os alunos perfilavam-se no grande corredor para cantar o hino escolhido para dia (Hino Nacional, da Independência, da Bandeira etc.), culminando sempre com o hino do próprio grupo, de letra do meu saudoso pai, que além de outras atividades era inspetor escolar e foi diretor daquele Grupo. Relembro aqui os versos de nosso hino:
 "Somos do Grupo Fausto Cardoso/
Disciplinados estudantes.
Cada estudante, um corajoso
E cada mestre, um bandeirante.

 
A escola chama, a pátria quer
Que a juventude venha aprender/
Os nossos livros são os instrutores
Que nos ensinam a combater.

 
A pátria quer que o juvenil,
Estudioso e varonil,
Seja a defesa do Brasil."
 
E cantávamos, com muito garbo, sob a regência da querida professora Olda. Bons tempos, felizes dias...

O jornalzinho “O Ideal”
 Embora não tenha sido do meu tempo, dizem os que ali passaram em épocas anteriores, que o grupo escolar tinha um jornalzinho, intitulado “O IDEAL”, fundado no ano de 1934 pelos alunos do 4ª ano e publicado sob a supervisão do diretor da escola.
 
 É verdade! Sua publicação se estendeu até a primeira metade dos anos 40, conforme atesta o exemplar que escapou da voraz ação do tempo; uma edição de 1º/Out/1942, época que a cidade tinha o nome de Anápolis.
 
No ano de 1942 a diretoria do jornalzinho era composta dos seguintes alunos: o diretor era José Rosa Montalvão, irmão de Hélio, de Iolanda e tio de José Carlos Montalvão; o secretário era José Matias Neto – sobrinho de Francisco Matias–; o tesoureiro era Alexandre Cardoso da Silva, filho do José Leonel, irmão de Pedro, Cecília e Rita Cardoso.
 
Escreveram nesse exemplar que conservo em meus arquivos (número 36, de 1º/out/42): além dos diretores, os seguintes alunos: Valdeci Oliveira Fonseca (filha de Messias Fonseca, gerente dos Correios/Telegrafo), Maria Conceição Santos, Josefa Correia Santos, Marieta Fonseca, Valdeci Guerra (filha de Cícero Guerra), Zaíra Oliveira (filha de Milton Oliveira), Mariolanda, Francisco Teles e Diógenes Carvalho. Também tem um artigo de meu pai: “Reminiscências Anapolitanas”. Ele era o diretor do Grupo Escolar, orientador e supervisor do jornalzinho e nesse artigo usou o pseudônimo CARDÉ (sílabas iniciais de Carvalho da).

Vejam a seguir fotografias de formaturas dos anos 40 e 50 e as páginas do jornalzinho do Grupo Escolar Fausto Cardoso, de Simão Dias, que na época era denominada “Anápolis”.
Aracaju, 15/03/2016
Beto Déda


Turma de 1941

 


Turma de 1953
 
Primeira página da jornal O Ideal - do Grupo Escolar Fausto Cardoso. O artigo "Reminiscências Anapolitanas" foi escrito por Carvalho Déda, que era o Diretor do Grupo Escolar e que incentivou a publicação do jornalzinho.


Nesta segunda página, nota-se o Expediente do jornal, com os nomes dos alunos dirigentes, e notícias escritas pelos estudantes.

Na 3ª página vemos também outras notas e artigos escritos por estudantes.


Na 4ª página, o Balancete da prestação de contas e outros artigos escritos pelos alunos.