sexta-feira, 6 de maio de 2016

LEMBRANÇAS DO MEU TEMPO NO BNB EM JEQUIÉ.
Convalescente de uma “virose”, eu passei esta semana revendo meus arquivos implacáveis que, desordenadamente, guardo-os em meu escritório.
Deparei-me, então, com duas folhas de uma edição de “O BENEBEANO”, um jornalzinho mural, que eu redigia e editava, expondo-o no mural de avisos das agências do Banco do Nordeste onde trabalhei; de modo especial em Simão Dias e Jequié.
Embora procurasse com atenção, debalde foram meus cuidados na busca de outros exemplares do jornalzinho. O único encontrado foi a primeira edição de “O BENEBEANO”, datado de outubro de 1978, quando eu trabalhava em  Jequié.   Mesmo assim, incompleto, com apenas duas páginas; a que constava os nomes da diretoria do BNB-Clube e o expediente do jornal não consegui encontrar. Apesar dos pesares é uma excelente recordação para mim e, acredito, para todos os colegas benebeanos que, naquela época,  comigo trabalharam na “Cidade Sol”.
Do BNB-Clube de Jequié tenho boas lembranças; especialmente das tardes de sábado, quando disputávamos peladas no terreno que clube adquiriu no Loteamento Cidade Nova, Bairro Kennedy. Destacavam-se no futebol os colegas Macdonald Assis, Sílvio Roberto e José Stefenson de Oliveira.  Lembro-me que em um desses jogos o Stefenson levou uma bolada na cabeça e perdeu os sentidos. Naquele dia ele não comandou o toque do “sambão”, que costumávamos ouvir degustando a cerveja paga pelos perdedores na pelada.
Na segunda página do jornal mural aparece a seção “Fofocas em Pequenas Doses”, em que faço humor com os colegas João Queiroz (de saudosa memória), Aventino, Chico Alves, Divan Carlos de Souza e Joel (que sabia nomear os jogadores das seleções brasileiras de todos os tempos).
Morei em Jequié por quase 6 anos: de 1975 até 1980. Neste momento, aguça-me a memória alguns fatos que relembro aos que conviveram comigo naqueles anos.
Naquela época circulava na cidade o “Jornal de Jequié”, dirigido por Eunísio Bonfim, e que fora fundado por seu cunhado e poeta Wilson Novais Silva, em 1945. Sempre que surgia uma oportunidade eu conversava com Eunísio sobre jornalismo e os trabalhos de edição de um jornal do interior. Fui convidado a realizar palestras para os alunos da Escolinha Prática de Jornalismo que ele dirigia. Conversei com os alunos da escolinha algumas vezes e abordei temas ligados ao tempo em que trabalhei no jornal “A Semana”, editado por meu pai, em Simão Dias, narrando detalhes de meu trabalho como tipógrafo, jornaleiro, repórter e diretor. Não conheci o poeta Wilson Novais Silva, mas lembro-me de admiráveis versos dele. Estavam expostos, em letras prateadas, na parede de um restaurante que servia maniçoba, prato muito conhecido e apreciado pelos sergipanos.
E por falar em restaurante, não me esqueço do “Restaurante Abruzzi” que funcionava na Avenida Rio Branco, de propriedade do imigrante italiano Mario, que tinha como sobrenome Aprilli ou Aprile. O cardápio constava de iguarias apreciáveis; destacando-se as pizzas e o melhor filé parmegiana que conheci em todos os tempos. Quando frequentava o restaurante gostava de conversar com o Sr. Mario e ele sempre falava da região onde nascera (ABRUZZI), cujo nome utilizou para denominar seu “ristorante”.
Durante o período que por lá morei, os prefeitos da cidade foram Landulfo Caribé, até 1977, e depois o Walter Sampaio. Mas o destaque mesmo era para o Caribé que era desportista, de fala espontânea e gozava de muito prestígio popular. Lembro-me que ele inaugurou uma praça – se não estou enganado, foi no bairro Jequiezinho – e lá colocou uma estátua em tamanho natural de um cavalo que fora campeão; não sei se de corrida ou pela raça. O fato é que o pessoal “tirava onda” do feito, designando o monumento de “INCITATUS”; lembravam o nome do cavalo que o Imperador Romano Calígula nomeou como senador e mandou construir uma estátua em mármore com um pedestal em marfim. Com seu carisma natural, Caribé fazia pouco caso das piadas, dizendo que se tratava de puro despeito da oposição.
Equipe da Associação Desportista Jequié - O goleiro era o
colega benebeano Edmílson Garcia
Jequié tinha um time de futebol (Associação Desportista Jequié), que foi fundado em 1969. Eu era torcedor e, aos domingos, frequentava o Estádio Valdomiro Borges. O time tinha como mascote um grande bode, que um torcedor levava para o campo, posicionando-se em frente à arquibancada. Durante certo tempo o goleiro do time era nosso colega Edmílson Garcia.  Lembro-me agora de uma partida entre o Jequié e o Bahia, em que o Edmílson fechou o gol. Não passava nada. O colega grandalhão pegava todas, inclusive os chutes certeiros dos artilheiros do “Baêa”. O jogo terminou empate e sem gol. Dias depois, o time de Jequié foi jogar na Fonte Nova. Na semana antes do jogo, o Edmílson dizia aos colegas do BNB que ia repetir a dose, fechar gol e aparecer na parte esportiva do programa Fantástico, na TV Globo. O fato é que o time do Jequié somente conseguiu segurar os companheiros do grande jogador Baiaco até o final do primeiro tempo. Depois de receber o segundo gol, o Edmílson encabulou e levou uma goleada inesquecível. A promessa do Garcia foi realizada ao contrário: apareceu na televisão, em edição nacional daquele domingo, como o goleiro mais vazado do mês. E o próprio Edmílson, com seu modo alegre de ver as coisas, fazia gozação do feito.
São muitas as lembranças alegres da cidade banhada pelo Rio de Contas.
 ARACAJU, 06/05/2016
BETO DÉDA