LEMBRANÇAS DO MEU TEMPO NO BNB EM JEQUIÉ.
Convalescente de uma “virose”, eu passei
esta semana revendo meus arquivos implacáveis que, desordenadamente,
guardo-os em meu escritório.
Deparei-me, então, com duas folhas de
uma edição de “O BENEBEANO”, um jornalzinho mural, que eu redigia
e editava, expondo-o no mural de avisos das agências do Banco do Nordeste onde
trabalhei; de modo especial em Simão Dias e Jequié.
Embora procurasse com atenção, debalde foram meus cuidados na busca de outros exemplares do jornalzinho. O único encontrado
foi a primeira edição de “O BENEBEANO”, datado de outubro de 1978, quando eu trabalhava em Jequié. Mesmo assim, incompleto, com apenas duas páginas; a que constava os nomes da diretoria do BNB-Clube e o expediente do jornal não consegui encontrar. Apesar dos pesares é uma excelente recordação para mim e,
acredito, para todos os colegas benebeanos que, naquela época, comigo trabalharam na “Cidade
Sol”.
Do BNB-Clube de Jequié tenho boas
lembranças; especialmente das tardes de sábado, quando disputávamos peladas no
terreno que clube adquiriu no Loteamento Cidade Nova, Bairro Kennedy.
Destacavam-se no futebol os colegas Macdonald Assis, Sílvio Roberto e José
Stefenson de Oliveira. Lembro-me que em
um desses jogos o Stefenson levou uma bolada na cabeça e perdeu os sentidos. Naquele
dia ele não comandou o toque do “sambão”, que costumávamos ouvir degustando a cerveja
paga pelos perdedores na pelada.
Na segunda página do jornal mural
aparece a seção “Fofocas em Pequenas Doses”, em que faço humor com os colegas
João Queiroz (de saudosa memória), Aventino, Chico Alves, Divan Carlos de Souza
e Joel (que sabia nomear os jogadores das seleções brasileiras de todos os
tempos).
Morei em Jequié por quase 6 anos: de
1975 até 1980. Neste momento, aguça-me a memória alguns fatos que relembro aos que
conviveram comigo naqueles anos.
Naquela época circulava na cidade o “Jornal
de Jequié”, dirigido por Eunísio Bonfim, e que fora fundado por seu cunhado e poeta
Wilson Novais Silva, em 1945. Sempre que surgia uma oportunidade eu conversava com Eunísio sobre jornalismo e
os trabalhos de edição de um jornal do interior. Fui convidado a realizar
palestras para os alunos da Escolinha Prática de Jornalismo que ele dirigia. Conversei
com os alunos da escolinha algumas vezes e abordei temas ligados ao tempo em
que trabalhei no jornal “A Semana”, editado por meu pai, em Simão Dias, narrando
detalhes de meu trabalho como tipógrafo, jornaleiro, repórter e diretor. Não
conheci o poeta Wilson Novais Silva, mas lembro-me de admiráveis versos
dele. Estavam expostos, em letras prateadas, na parede de um restaurante que servia
maniçoba, prato muito conhecido e apreciado pelos sergipanos.
E por falar em restaurante, não me esqueço
do “Restaurante Abruzzi” que funcionava na Avenida Rio Branco, de propriedade do
imigrante italiano Mario, que tinha como sobrenome Aprilli ou Aprile. O
cardápio constava de iguarias apreciáveis; destacando-se as pizzas e o melhor
filé parmegiana que conheci em todos os tempos. Quando frequentava o
restaurante gostava de conversar com o Sr. Mario e ele sempre falava da região
onde nascera (ABRUZZI), cujo nome utilizou para denominar seu “ristorante”.
Durante o período que por lá morei, os
prefeitos da cidade foram Landulfo Caribé, até 1977, e depois o Walter Sampaio.
Mas o destaque mesmo era para o Caribé que era desportista, de fala espontânea
e gozava de muito prestígio popular. Lembro-me que ele inaugurou uma praça – se
não estou enganado, foi no bairro Jequiezinho – e lá colocou uma estátua em tamanho
natural de um cavalo que fora campeão; não sei se de corrida ou pela raça. O
fato é que o pessoal “tirava onda” do feito, designando o monumento de
“INCITATUS”; lembravam o nome do cavalo que o Imperador Romano Calígula nomeou
como senador e mandou construir uma estátua em mármore com um pedestal em
marfim. Com seu carisma natural, Caribé fazia pouco caso das piadas, dizendo que se tratava de puro
despeito da oposição.
![]() |
Equipe da Associação Desportista Jequié - O goleiro era o colega benebeano Edmílson Garcia |
São muitas as lembranças alegres da
cidade banhada pelo Rio de Contas.
ARACAJU, 06/05/2016