Na natureza
nada se perde tudo se transforma.
Quando ainda era garoto, recebi de meu
pai um ensinamento jamais esquecido. Ao perceber que eu chorava pedindo um
brinquedo, papai consolou-me sugerindo que observasse em volta e encontraria um
mundo de diversões. Então, pegou-me pela mão, levou-me até o quintal de nossa
casa e disse-me que ali eu poderia encontrar dezenas de brinquedos. E para
justificar sua observação, pegou um cabo de vassoura, amarrou um barbante em
forma de rédea e exclamou: “Aqui está um
bonito e fogoso cavalo alazão. Brinque à vontade, cavalgando e dando asas a sua
fértil imaginação”.
Vendo-me alegre, a galopar no meu
primeiro cavalo de pau, meu pai aproveitou o ensejo e explicou-me a famosa
frase atribuída ao químico francês Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada
se perde, tudo se transforma”.
Nunca esqueci este ensinamento do meu
bom pai. Aliás, a frase do famoso francês era do conhecimento comum de meus
tios, que repetiam para mim. Tio Paulo me ensinou a transformar meias descartadas
em bolas de futebol; com tio João aprendi a transformar cordão ou tiras de
couro em tranças fortes e bonitas; tio Sininho, que tinha uma pequena oficina
de marcenaria no quintal de sua casa, ensinou-me a tornear e fazer brinquedos
de madeira (eu e o primo Zé Carlos fazíamos revólveres de madeiras, para
brincar de caubói ou para trocá-los por mangas com os netos de Juca Matos).
Este
maravilhoso aprendizado eu transmito sempre para meus filhos e netos. Também
tenho minha oficina de “armengos”, onde me dedico a realizar transformações. Transformo: tubos emprestáveis em
“mensageiros do vento”, tabocas em torneiras automáticas; casco de coco em vaso de
planta; jornais lidos em barcos e aviões
e também transformo pedaços de madeira em novidades que agradam as crianças.
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O tronco de um cajueiro perdido foi transformado em dinossauros |
Durante
esta semana, observando um tronco de cajueiro morto, vislumbrei a oportunidade
de realizar um trabalho de fajuto escultor. Com um cinzel e usando a imaginação,
transformei o velho tronco carcomido de cupins em figuras que lembram
dinossauros. Na verdade um “armengo” que serviu para a garotada brincar e usar
a imaginação, lembrando os filmes infantis cujos temas são os dinossauros.
Ao notar a curiosidade e a satisfação da criançada, senti o doce encanto da alegria
em saber que meu feito agradou. Então, lembrei-me do meu saudoso sogro, Antônio
Bebém, que, ao admirar um “armengo” de minha fabricação, dizia com graça que me
deixava feliz:
“Beto, você é um artista!”
Aracaju, 13/06/2016
Beto Déda