segunda-feira, 13 de junho de 2016

Na natureza nada se perde tudo se transforma.
 Quando ainda era garoto, recebi de meu pai um ensinamento jamais esquecido. Ao perceber que eu chorava pedindo um brinquedo, papai consolou-me sugerindo que observasse em volta e encontraria um mundo de diversões. Então, pegou-me pela mão, levou-me até o quintal de nossa casa e disse-me que ali eu poderia encontrar dezenas de brinquedos. E para justificar sua observação, pegou um cabo de vassoura, amarrou um barbante em forma de rédea e exclamou: “Aqui está um bonito e fogoso cavalo alazão. Brinque à vontade, cavalgando e dando asas a sua fértil imaginação”.
Vendo-me alegre, a galopar no meu primeiro cavalo de pau, meu pai aproveitou o ensejo e explicou-me a famosa frase atribuída ao químico francês Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. 
Nunca esqueci este ensinamento do meu bom pai. Aliás, a frase do famoso francês era do conhecimento comum de meus tios, que repetiam para mim. Tio Paulo me ensinou a transformar meias descartadas em bolas de futebol; com tio João aprendi a transformar cordão ou tiras de couro em tranças fortes e bonitas; tio Sininho, que tinha uma pequena oficina de marcenaria no quintal de sua casa, ensinou-me a tornear e fazer brinquedos de madeira (eu e o primo Zé Carlos fazíamos revólveres de madeiras, para brincar de caubói ou para trocá-los por mangas com os netos de Juca Matos).


Este maravilhoso aprendizado eu transmito sempre para meus filhos e netos. Também tenho minha oficina de “armengos”, onde me dedico a realizar transformações.  Transformo: tubos emprestáveis em “mensageiros do vento”, tabocas em torneiras automáticas; casco de coco em vaso de planta;  jornais lidos em barcos e aviões e também transformo pedaços de madeira em novidades que agradam as crianças.


 
O tronco de um cajueiro perdido foi transformado em dinossauros
Durante esta semana, observando um tronco de cajueiro morto, vislumbrei a oportunidade de realizar um trabalho de fajuto escultor. Com um cinzel e usando a imaginação, transformei o velho tronco carcomido de cupins em figuras que lembram dinossauros. Na verdade um “armengo” que serviu para a garotada brincar e usar a imaginação, lembrando os filmes infantis cujos temas são os dinossauros.
Ao notar a curiosidade e a satisfação da criançada, senti o doce encanto da alegria em saber que meu feito agradou. Então, lembrei-me do meu saudoso sogro, Antônio Bebém, que, ao admirar um “armengo” de minha fabricação, dizia com graça que me deixava feliz:
“Beto, você é um artista!”

Aracaju, 13/06/2016

Beto Déda