segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Eu, artesão improvisado...

Na minha idade, o nada fazer provoca um estrago terrível, isto porque a mente sem ocupação é tragada pelos maus espíritos que dirigem os pensamentos para assuntos indesejados, onde proliferam o sofrimento, a depressão e, também, a maldade.

Sabendo disso – e em alguns momentos sofrendo também esse mal – procuro ocupar meu pensamento com uma variedade de mimos que açoitam para longe o que julgo maléfico.

Assim é que meu tempo é dividido entre escrever, ouvir boas músicas, conversar com amigos, cantar no banheiro e, em maior tempo, dedicar-me a tarefas como improvisado artesão.

O fato é que ocupo minha mente com muita distração. Em minha oficina de “armengues” tento aproveitar todo pedaço de madeira e esboçar um proveito. Um simples galho que sobrou da poda de um cajueiro, eu tento transformar em um brinquedo para meu neto.  E o melhor é que agindo assim desvio seus pensamentos da tela do celular, que nos dias atuais enfeitiça não só as crianças, mas também os adultos.

Nesta semana, depois de podar um cajueiro, notei que um galho poderia ser transformado em uma peça que lembrasse um dinossauro. Então serrei um pedaço, acrescentei outro e, como resultado, surgiu um uma mistura de camaleão e jacaré. Uma “escultura-armengue” do vovô Beto para povoar o vale dos dinossauros do meu querido neto.






E não foi só isto. Com um pouco de paciência, fiz duas mesinhas, torneando sobras de sarrafos de construção e usando duas toras de jaqueira que me foram ofertadas pelo sobrinho João Déda.



Também aproveitei um bueiro tubular de concreto e fiz uma nova “fonte dos desejos”, que orna o jardim do Lago Dourado.

Confesso que, na verdade, fico empolgado com minhas próprias realizações de "artesão-armengueiro”. Tanto é assim que pedi ao filho Bruno para fotografar meus feitos, que apresento aqui,  de modo a permitir que os amigos apreciem. E repitam o bondoso elogio de meu saudoso sogro, Seu Antônio Silva, que exclamava com ênfase ao apreciar meus trabalhos:

- Armengue de um artista...


Aracaju, 02/10/2017

BERO DÉDA