terça-feira, 26 de março de 2019


O MÊS DE MARÇO NOS FAZ LEMBRAR ARTUR E MARCELO.

No mês de março, duas datas são significativas para nossa família: os dias 2 e 11. Isto porque lembramos com muita saudade os aniversários de dois queridos familiares que já partiram para as esferas celestiais: no dia 2 de março de 1932 nasceu meu saudoso irmão Artur Oscar de Oliveira Déda; e no dia 11 de março de 1960 foi a data de nascimento do também inesquecível sobrinho Marcelo Déda Chagas.

Eles foram dois grandes parentes, merecidamente referenciados pela família e amigos, pela força, honradez e lealdade que espontaneamente nos lideravam e nos orientavam.

Sempre estiveram partilhando das reuniões da família, reforçando os laços de amizade, solidários nas alegrias e nas tristezas. E nesses encontros a palavra chave era relembrar os nossos antepassados, revivendo os bons momentos de familiares e lembrando os casos em que o humor era o ponto culminante.

Artur e Marcelo eram dois reconhecidos intelectuais e poetas encantadores. Deles guardo dois momentos emocionantes.  

Lembro-me, agora, de um dos últimos encontros que estivemos juntos: eu, Artur, Cláudio e Marcelo.

Naquele dia estávamos no apartamento de Marcelo e, ao ouvir o prosear  cultural deles, fiquei boquiaberto, maravilhado mesmo, ao presenciar a intelectualidade dos maravilhosos parentes. 

Foi naquele dia que Marcelo nos apresentou o rascunho do seu livro “Improvável Poética”. Empolgado, recitava versos e esclarecia os momentos que lhe inspirara cada poesia. Na época ele já estava debilitado pelo efeito da quimioterapia. Tinha dificuldade de folhear as páginas do rascunho do livro. E pediu-me que folheasse e passasse para ele os versos escolhidos, que ele lia e dialogava com Artur sobre o sentido de cada palavra. Em dado momento olhou-me com seu bonito sorriso e indicou a página que tinha uma surpresa: era a poesia “Cine Brasil”, em que escrevera uma dedicação especial: ”Para Beto Déda”.

A emoção me deixou mudo e encantado ao ouvir sua eloquente voz recitando versos que evocavam tempos de criança. Era o melhor presente que ele podia me conceder; especialmente porque os versos lembravam coisas de nossa Simão Dias. 

Lembrar os momentos vividos com Artur e Marcelo é um exercício que me faz bem. Mais do que parentes queridos, eles também eram amigos e tanto, daqueles que guardamos no lado esquerdo do peito, como diz os versos da música de Milton Nascimento:

Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do Coração.
...
Pois seja o que vier
Venha o que vier
Qualquer dia, amigo
Eu volto a te encontrar
Qualquer dia, amigo
A gente vai se encontrar
.


E para completar essas lembranças dos queridos Artur e Marcelo, reproduzo, a seguir, fotos de uma das reuniões da família em que comemoramos os aniversários dos dois grandes parentes. Foi um fato inesquecível, em que a simpatia deles irradiava felicidade para todos.







Aracaju, 26/03/2019
BETO DÉDA