terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Meus netos e sobrinhos maravilhosos.

No meu quarto de repouso, no Lago Dourado, ornamentei uma das paredes com molduras envolvendo folhas escritas por meus netos, São textos singelos e bondosos que me prestam homenagem por uma data significativa: meu aniversário, o dia dos avós ou uma recordação agradável. No mesmo canto de parede também  reservei lugar para textos que me emocionaram escritos pela sobrinha Denise e pelo sobrinho Humberto Oliveira. Gosto de relê-los. Me encantam!

Ontem pela manhã, dia 6 de janeiro, meu sobrinho Marco Aurélio esteve em minha casa. E desse encontro, ocorreram-lhe lembranças que lhe deram motivos a escrever o texto, que me enviou pelo WhatsApp. Ao ler, não tive dúvida em imprimir e emoldurar para que passe a fazer parte da ornamentação da parede de meu abrigo.  

Para não gerar ansiedade e cessar a curiosidade da querida parentada, transcrevo abaixo o que escreveu o bondoso sobrinho: 



              "A ELEGÂNCIA DE TIO BETO E AS OBSERVAÇÕES DE VOVÓ.

                                                  Marco Aurélio Déda Oliveira

Sob qualquer um dos diversos ângulos que possamos considerar a ideia de elegância da alma, poderemos notar a materialização desse conceito em nosso querido Tio Beto.

Rapidamente, qualquer um de nós poderia descrever diversas das qualidades de que o seu espírito é portador e que o tornam uma pessoa admirável, querida, que impregna alegria e bons sentimentos naqueles que dele se aproximam. Este é um bom tema para a nossa reflexão.

Hoje, entretanto, eu lembrei da admiração específica que a minha avó tinha pela sua elegância física. Em geral, o carinho que a minha avó tinha pelos seus familiares misturava-se a uma preocupação exagerada em querer vê-los da melhor forma e sempre bem apresentados, mas isso conforme as suas próprias avaliações, critérios e valores. Barba grande, bigode, cabelos grandes e alguns apetrechos nunca foram adornos que passaram pelo seu crivo de valores.

Lembro-me que, quando a moda dos cabeludos estava no auge, três primos meus chegaram em Simão Dias com os cabelos longos, bonitos e bem cuidados, caídos até os ombros. Sem que os seus pais soubessem, a minha avó os enviou imediatamente ao barbeiro, que fez o corte estilo Ronaldinho, adequando a aparência dos garotos aos critérios de beleza que ela considerava mais adequados. 

Lembro-me também de quando tio Beto colocou a barba pela primeira vez. Como sobrinho, ele não estava subordinado aos ditames da minha avó. Entretanto, o carinho que ela sentia por ele, somado à admiração pela sua elegância, causava-lhe um certo sofrimento. Impotente, sem alternativas para ajudá-lo a resolver a situação, a minha avó lamentava com voz triste e indignada: como pode uma desgraceira dessa? Beto, tão bonito, tão elegante, todo espigadinho, botar uma barba pra ficar parecendo um bode?

Hoje eu fui à casa de tio Beto levar uma porção de maniçoba que a minha sobrinha Ana Paula o enviou. Ele estava de saída e estava elegantíssimo, vestido de calça social, paletó preto e calçando tênis, mas um apetrecho na sua indumentária me fez lembrar a minha avó e eu logo a imaginei com sua a voz sofrida fazendo-lhe um apelo: Beto, meu filho, você tá tão elegante com esse terno preto, todo espigadinho, mas tire esses óculos escuros, pelo amor de Deus, meu filho, porque você não é Zé Ceguinho." 


Só me resta agradecer emocionado as palavras e lembranças graciosas do querido Marco. E o texto vai para minha galeria especial...

Aracaju, 7 de janeiro de 2025.

Beto Déda