quinta-feira, 12 de janeiro de 2017


Lembranças do Ginásio Jackson de Figueiredo e de João Gilberto
Ubiratan Mendes foi meu contemporâneo no Ginásio Jackson de Figueiredo e posteriormente foi meu colega dos velhos tempos do Banco do Nordeste. Atualmente é um amigo e tanto no Facebook. Sou um seguidor assíduo de suas postagens inteligentes, divertidas e de muito bom gosto, quer nos seus escritos ou na excelência das músicas que partilha.
Pois bem. No mês de dezembro passado, o Ubiratan Mendes – conhecido entre os íntimos como Bira – mandou-me um mensagem no qual me lembrava de que João Gilberto, o grande cantor, violonista, compositor e gênio da música popular brasileira tinha estudado no Ginásio Jackson de Figueiredo aqui em Aracaju.
Na semana passada meu cunhado Haroldo Déda reativou minha memória, com a mesma indagação sobre a passagem do grande compositor no ginásio dirigido pelo saudoso casal Benedito e D. Judite Oliveira.
Lembro-me muito bem que lá pelo final dos anos 50 (entre 1959 e 1960) o João Gilberto esteve no Jackson, fazendo uma visita aos diretores e com eles jantou. A sala de jantar dos diretores era guarnecida com janelas com vidros, e dava para o pátio do recreio, onde ficavam os alunos internos, que observavam a elegância dos diretores em suas refeições. No dia em que o genial compositor esteve por lá, eu e alguns colegas nos posicionamos para observar o ilustre visitante na sala de jantar, conversando com o Prof. Benedito e Dona Judite.
Naquela época o João Gilberto era um nome conhecido entre os colegas e bedéis  que gostavam de música. Era o tempo do início da “bossa nova”, do lançamento do disco em 78 rotações, com a canção “Chega de Saudade”. Não é demais dizer que tínhamos orgulho de estudar em um ginásio que teve como aluno o famoso músico.
Muitos anos depois, o João Gilberto fez apresentações aqui em Aracaju, no Teatro Ateneu e no EMES. Sempre recordando o tempo em que estudou no Jackson e prestando homenagens aos Diretores.
Lembro-me que na apresentação no EMES ele recordou de alguns colegas e fez questão de elogiar a inteligência do seu amigo Ezequiel Monteiro, notável intelectual sergipano, que também foi aluno daquela escola.
No tempo que fui interno no Jackson, participei de um conjunto musical que usava o serviço de alto-falante do Ginásio e tocava sambas da época. Eu era o tocador improvisado e medíocre do afoxé ou do ganzá. Às vezes a turma, timidamente, cantarolava o “Chega de Saudade” que marcou o início da bossa nova.
Certa vez, depois de apresentação de uma canção, sofremos uma ligeira e talvez merecida vaia de alguns colegas. Tomei o microfone e fiz a defesa do conjunto. Pouco depois, um bedel transmitia uma mensagem de D. Judite, elogiando o musical e nosso pronunciamento. Ficamos todos conchos com a aprovação recebida da diretoria do Ginásio.
Ainda hoje sou um fã incondicional desse magnifico músico, que para alguns críticos tem uma personalidade intrigante, meio maluco em seu perfeccionismo, mas que é um gênio não resta a menor dúvida. E o que é melhor: ele nunca esqueceu que foi aluno do Ginásio Jackson de Figueiredo e sempre elogiou aquele estabelecimento de ensino.
Foi bom me lembrar de minha escola e do genial João Gilberto. E agradeço isto ao colega Bira e ao querido cunhado Haroldo.
Aracaju, 12/01/2017


BETO DÉDA