domingo, 24 de setembro de 2017

A GANÂNCIA INSACIÁVEL DOS DONOS DO CAPITAL.

Desde que o mundo é mundo o desejo insaciável de acumular riqueza é realizado pelos donos do capital explorando os minguados bolsos dos trabalhadores.
É uma triste realidade que nos dias atuais se torna mais agressiva em consequência da ação dos gananciosos que ilegitimamente comandam os poderes do nosso país.
Recentemente aprovaram uma Medida Provisória que determina ao trabalhador que adquiriu uma casa ou apartamento financiado, em caso de atraso nos pagamentos, a devolver o imóvel ao credor e continuar pagando o empréstimo, caso o banco considere que a dívida é maior que o valor da propriedade.
Em época de crise econômica, o valor dos bens sofre uma desvalorização considerável e a taxa de desemprego é altíssima. É a fase em que o trabalhador é atingido impiedosamente em sua capacidade de pagamento. E é justamente diante desta situação desfavorável que o ilegítimo governo e seus comparsas procuram beneficiar os bancos e causar mais estragos aos menos favorecidos. 
O trabalhador desempregado e sem condições de honrar os compromissos é obrigado a entregar a casa financiada e continuar com a obrigação de pagar o empréstimo quando o banco considerar a dívida maior que o valor do imóvel garantidor. Em outros termos isto significa: tudo para os donos do capital e taca nas costas do trabalhador.
Foi matutando sobre este absurdo, que me lembrei do tempo em que trabalhava no Banco do Nordeste, comandando a carteira de crédito rural. Naquela época cuidava o Banco de inspecionar os trabalhos realizados nas agências através do Departamento de Auditorias. Era o tempo em que as agências eram inspecionadas anualmente por dois auditores – geralmente um auditor experiente acompanhado de um novato. Em alguns casos era fácil identificar os novatos pela sua postura: empolgados, parecendo donos da verdade e, alguns, pedantes mesmo.
Pois bem. Lá pelo início dos anos oitenta, quando uma seca devastadora atingiu nossa região, o valor dos imóveis rurais sofreu uma forte desvalorização. Justo nesta ocasião a agência estava sendo inspecionada e um dos auditores era novato, arrotando absurdos.
Analisando as pastas de empréstimos selecionadas, o novato estranhou que avaliações atualizadas de imóveis oferecidos em garantia evidenciavam valor inferior ao percentual exigindo pelo banco. Mesmo sabendo que na época da formalização do empréstimo o valor do bem dado em garantia correspondia ao exigido pelo banco, o inexperiente auditor – fazendo pose e olhando para o alto com ar professoral – determinou que a agência exigisse dos clientes a apresentação de garantias adicionais e promovesse aditivos às cédulas que formalizaram os empréstimos. Sem conter o riso, informei ao inspetor que sua orientação era inviável, porque atingiria a quase totalidade dos financiamentos rurais. Era o problema sazonal e que passados os efeitos da seca os imóveis voltariam ao valor normal. Além disto, seria uma medida contrária à máxima adotada pelos bancos: os contratos devem ser honrados.
As exigências do novato não encontraram apoio do seu colega auditor, que percebendo o absurdo não vacilou em desaprová-las.  E o novato ganhou experiência...
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Voltando à atualidade de nosso país e ao comentário acima sobre a tal Medida Provisória: fácil é notar que infelizmente não contamos com uma autoridade maior que, tal qual o auditor sênior de nosso causo, desaprove tamanho absurdo.
O pior é que, atualmente, o ‘temeroso mor’ é quem edita e comanda as medidas que defendem os interesses dos donos do capital e penaliza os trabalhadores.
Neste caso, também cabe nossa indignação e faço isto usando a expressão latina de repugnância: “Vade retro, Satana!” – que tem o mesmo significado da frase muito em voga nestes tempos sombrios: FORA TEMER!
Aracaju, 24/09/2017

BETO DÉDA