As feiras livres em Simão Dias .
Recentemente tomei conhecimento de alterações no local da feira de Simão Dias. Dizem que o prédio do grande mercado foi interditado e o comércio que ali tinha abrigo (o talho da carne, a venda de farinha, de variados grãos etc.) passou a ser realizado ao ar livre, no largo da feira, em meio de barracas de frutas, verduras e outros produtos.
Também soube que, no primeiro sábado depois da interdição, ocorreu uma bagunça no largo da feira. Houve dificuldade dos fregueses encontrarem as barracas e a chuva comprometeu ainda mais as mudanças.
Este fato me fez lembrar de alguns momentos curiosos dos locais das feiras livres em minha terra. Em seu livro “Simão Dias – Fragmentos de sua história”, meu pai – Carvalho Déda – nos conta sobre a mudança da feira da cidade, que acontecia na Rua do Comércio Velho e que hoje é a Rua Cônego Andrade, e foi transferida para a Av. Coronel Loyola. A mudança causou os primeiros embates políticos da cidade e só terminou com a decisão de D. Pedro II, confirmando a alteração.
A feira ficou na Av. Coronel Loyola até os anos noventa, quando foi transferida para um local próximo ao bairro Bonfim, e que permanece até hoje.
Outro fato curioso, que também é narrado no livro de meu pai, foi sobre a primeira feira do interior do município, que ocorreu no povoado Curral dos Bois. A criação da referida feira causou uma disputa política violenta. No primeiro momento, a polícia derrubou casebres e barracas e acabou com comércio. Tempos depois a feira foi reinstalada e, com o passar de dois anos, surgiu nova disputa e aconteceu o pior: a polícia voltou a atacar o povoado em dia de movimento e queimou tudo, causando um grande horror e prejuízo aos pequenos comerciantes daquele local. Aconteceu um verdadeiro pandemônio e o professor Juvenal Oliveira, que também ali comerciava e sofreu irremediáveis prejuízos, descreveu em versos os acontecimentos da feira incendiada. O Prof. Juvenal era pai do também poeta Hermes de Andrade Oliveira.
E como um assunto leva a outro, me veio à memória a noite em que ocorreu o incêndio no mercado municipal, cujo prédio ficava na antiga feira da Av. Coronel Loyola, entre as lojas de Seu Antoninho Farofa e Seu Josino Barbosa. Em uma noite de sábado do mês de maio de 1961, ao passar pela avenida, o Sr. Floriano Nascimento notou a nuvem de fumaça que saia pelo telhado do mercado, anunciando um incêndio. Então, ele não vacilou e imediatamente incentivou as pessoas que por ali também passavam para debelarem o fogo. Sob seu comando, derrubaram as portas do velho mercado e, com muito esforço e determinação, conseguiram apagar o fogo. Foi uma ação heroica do meu bom e saudoso amigo Floriano e de anônimos cidadãos simaodienses. O jornal A Semana, no sábado seguinte, registrou o fato em sua primeira página, com a manchete: “INCÊNDIO NO MERCADO MUNICIPAL – Debelado o fogo por populares comandados pelo Sr. Floriano Nascimento”.
![]() |
A notícia divulgada pelo jornal "A Semana". |
As feiras de nossa terra têm um mundo de histórias que merecem ser relembradas. Quando afloram em minha memória, faço questão registrar.
Aracaju, 13/06/2021
Beto Déda