CONVERSANDO COM O AMIGO
FLORIANO.
No final dos anos 80
tive a oportunidade de filmar conversas com bons amigos em Simão Dias. E fazia isto sempre nos dias de folga de meus
trabalhos na Agência do Banco do Nordeste em Aracaju. Esta é a razão pela qual
as filmagens sempre foram realizadas nos dias de sábado ou de domingo.
Dentre os vídeos que
fiz, alguns deles aconteceram no Bar de Floriano. Há dias que prometi ao Thiago
Nascimento postar um vídeo em que entrevistei seu saudoso pai. Cumpro hoje a
promessa.
O Bar do Floriano
sempre foi o ponto de encontro dos jovens de minha terra e foi lá que eu fiz
várias tomadas de vídeo, conversando com ele e colhendo informações sobre fatos
históricos locais, que convivemos no passado recente.
![]() |
Floriano falando sobre o tempo da ADS (Foto Beto Déda) |
![]() |
Anúncio no jornal A Semana da Casa Nascimento |
Tempos depois ele
transferiu seu comércio para Rua do Coité, na parte do terreno do quintal da
casa do seu pai, Sr. Alexandre Nascimento, cuja frente situava-se na Praça
Barão de Santa Rosa. A inauguração do Bar e Lanchonete foi festiva e o local
passou a ser o ponto chique da cidade.
![]() |
Floriano fala do tempo da boemia. |
Embora antagonistas, os
dirigentes das transmissoras firmaram um pacto regulando o horário que cada uma
iria ao ar, durante a noite, respeitando-se o tempo oficial da "Hora do Brasil": uma transmitia
os serviços das 18:00 até às 19:00 horas, e a outra das 20:00 até às 21:00
horas.
Os alto-falantes tinham
uma forte audiência em nossa cidade. À noite, as pessoas sentavam às portas das
casas para ouvir músicas, as dedicatórias dos namorados, as crônicas escritas
por meu pai, por tio Sininho e por funcionários do Banco do Brasil. Contou-me
Floriano que durante algum tempo as transmissões locais eram ouvidas pelos
rádios, produto de uma adaptação feita em ondas curtas pelo técnico Gamaliel dos Santos. Não durou muito tempo porque prejudicava a audição de
estações radiofônicas normais. Outro fato interessante foi um caso em que uma
pessoa deu tiros em um alto-falante, tentando parar. Não surtiu o efeito desejado, mas houve um
longo disse me disse na cidade, envolvendo política. Mas foi coisa passageira,
sem maiores consequências.
Tempos depois, como soe acontecer nas
cidades de interior, as rivalidades políticas deram um nó, empacotando e
soterrando os alto-falantes da Tupy e da ADS. Restaram apenas os serviços de som dos cinemas: que permaneceram enquanto duraram os Cines Ipiranga
e Brasil, este último com a voz inconfundível do locutor e projetista João de
Jacó, que sempre anunciava os filmes para os “habitués da sala com tela cinemascópica” do Cine Brasil.
Infelizmente, na
transformação de VHS pra DVD, perdi parte do vídeo. O que restou, entretanto, apresenta
interessante interpretação de quem viveu passagens da história de nossa terra
entre o final dos anos quarenta e durante os anos cinquenta.
Repasso o que restou do
vídeo para conhecimento dos familiares e conterrâneos. E o faço prestando-lhes uma carinhosa homenagem.
Aracaju, 28.11.2016
BETO DÉDA