O check-up de um "biriteiro"...
Tenho um
amigo e conterrâneo que adora cerveja. Tudo é motivo a ser comemorado com uma
taça da “loira gelada”. E não falta acontecimento para ele celebrar com um bom
gole.
O fato é que
essa paixão pela gostosa loira deixou intrigada a mulher do gajo bebedor. Não
por ciúme (ela não era de ciumar). É que a dedicada esposa achou que o marido
estava se excedendo nos goles e isto poderia causar-lhe algum problema de saúde. A preocupação foi crescendo à medida que os anos se passaram e a
recomendação da mulher se tornando uma chatice. Todos os dias ela vociferava:
- Você tem
que se cuidar. Este seu costume de todo dia levantar o copo não é bom pra saúde. Pratique exercícios físicos saudáveis.
E concluía
em tom imperativo: Aprume-se, homem!
O amigo dava
de ombros e virava o copo.
O certo é
que a mulher começou a pensar que a saúde do marido estava fraquejando e
insistiu que ele devia fazer um check-up médico.
A
insistência da preocupada esposa convenceu o o paciente marido. Ele foi ao médico que o
orientou a fazer uma bateria de exames.
No fim de semana anterior ao dia marcado para realização dos exames, ele não bebeu. E
justificava que estava evitando a “loirinha” para que o teor alcoólico não
influenciasse nos resultados.
Na manhã do
dia programado ele compareceu ao laboratório antes mesmo do horário previsto
para início do atendimento. Foi um dos primeiros da fila. A atendente era uma
jovem simpática que anotou as requisições do médico e o cartão do plano de
saúde.
Enquanto
isto, ele debruçava-se no balcão, fixando os olhos gulosos na parte visível dos
seios exuberantes da atendente. Estava desta forma, absorto em pensamentos
maliciosos, quando foi surpreendido por uma indagação da moça:
- Veja bem,
senhor, nesta relação de exames está um que o seu plano de saúde
não cobre. Nesse caso, se quiser fazê-lo, o senhor terá que pagar.
Ele tirou os
olhos do bendito califom e, fitando o bonito rosto da moça, pediu informações
sobre o tal exame. Mas não deixou que ela complementasse a resposta. Negou-se a
pagar. Mandou que riscasse aquilo da lista.
Uma senhora
curiosa que estava ao lado não se conteve ao ouvir aquele diálogo. Era uma coroa que transparecia ser destas pessoas que dizem saber tudo sobre doenças, remédios e médicos. Então ela se
virou para o amigo e o aconselhou a fazer o exame. “O custo não é grande e o resultado
poderá ser importante”, disse ela. E esclareceu, com muitos argumentos
pessimistas, que não se deve economizar quando se trata de saúde.
- Se o plano
de saúde não autoriza esse exame, eu também não vou autorizar. E o valor
correspondente sai de um bolso e vai pra o outro, reservado ao pagamento de um engradado de
cerveja para meu deleite. E começarei a bebericar ainda hoje,
antes do almoço.
Não é pouco
dizer que a coroa curiosa ficou boquiaberta, transparecendo malquerença,
enquanto a simpática atendente esboçava um sorriso encantador.
Dito e feito,
logo que recebeu o resultado dos exames o amigo saboreou uma loira gelada (sem
colarinho) e eu o acompanhei com muito gosto. Enquanto virávamos o copo,
contou-me ele que o médico nada indagara sobre o tal exame não realizado e,
depois de analisar os resultados do check-up, afirmou que sua saúde está nota dez.
...
PS- Ao finalizar
cabe uma advertência: aqui não se faz apologia ao uso de bebidas alcoólicas,
mas é uma história real e recente, que me foi contada por um simãodiense que
aprecia moderadamente uma boa cerveja.
Aracaju, 30/08/2017
Beto Déda
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