quinta-feira, 4 de outubro de 2012


O hino e o jornalzinho do Grupo Escolar Fausto Cardoso

Recentemente meu sobrinho Paulo César Déda e o amigo Clínio Guimarães, usando o facebook, levaram-me a lembrar de minha adolescência, quando enfrentava o frio de Simão Dias, entregando o jornal “A Semana” pelas ruas da cidade. Comentando sobre esta recordação, o conterrâneo J. C. Góes Montalvão traz-me a lembrança de nosso querido Grupo Escolar Fausto Cardoso.

Prédio do Grupo Escolar Fausto Cardoso em S. Dias
Dizem os mais velhos que aquele prédio foi construído no século passado, lá pelos anos 20, e que a águia que encima o seu topo era a marca do governo Graccho Cardoso.   Era, e ainda hoje é, um prédio imponente, com suas largas escadarias, cujos corrimãos, também de cimento, deslizávamos em rápidas descidas, puindo os fundilhos de nossas fardas.

Alisaram os bancos daquela escola grandes vultos da vida política e intelectual de Sergipe: Governadores, Presidentes de Tribunais, Senadores, Deputados e imortais da Academia Sergipana de Letras.
Muitas são as recordações que tenho do velho grupo escolar. Para início, vamos lembrar do hino e do jornalzinho.

O CANTO ORFEÔNICO
Além das aulas normais do curso primário, a querida Prof. Olda do Prado Dantas também ensinava canto orfeônico. E suas aulas transbordavam bondade e alegria. Aprendíamos os hinos pátrios e outros cantos, dentre os quais o que chamávamos de “pastorzinho que solfejava”, de rifão inesquecível: - “Havia um pastorzinho, que vivia a cantar: dó-ré-mi-fá...fá-fá... dó-ré...ré-ré... sol-fá-mi...mi-mi... do-ré-mi-fá...fá-fa”  

Todos os dias, no início e no final do turno, tia Vina Déda ou d. Rosália tocava o sino e todos os alunos perfilavam-se no grande corredor para cantar o hino escolhido para dia (Hino Nacional, da Independência, da Bandeira etc.), culminando sempre com o hino do próprio grupo, de letra do meu saudoso pai, que além de outras atividades era inspetor escolar e foi diretor daquele Grupo. Relembro aqui os versos de nosso hino:

"Somos do Grupo Fausto Cardoso/
                      Disciplinados estudantes.
                      Cada estudante, um corajoso
                      E cada mestre, um bandeirante.

A escola chama, a pátria quer
                      Que a juventude venha aprender/
                      Os nossos livros são os instrutores
                      Que nos ensinam a combater.

A pátria quer que o juvenil,
                      Estudioso e varonil,
                      Seja a defesa do Brasil."

E cantávamos com muito garbo sob a regência da querida professora Olda. Bons tempos, felizes dias...
O JORNALZINHO “O IDEAL”
Embora não tenha sido do meu tempo, dizem os que ali passaram em épocas anteriores, que o grupo escolar tinha um jornalzinho, intitulado “O IDEAL”, fundado no ano de 1934 pelos alunos do 4ª ano e publicado sob a supervisão do diretor da escola. É verdade! Sua publicação se estendeu até a primeira metade dos anos 40, conforme atesta o exemplar que escapou da voraz ação do tempo; uma edição de 1º/Out/1942, época que a cidade tinha o nome de Anápolis. No ano de 1942 a diretoria era composta dos  seguintes alunos: o diretor era José Rosa Montalvão, irmão de Hélio, de Iolanda e tio de José Carlos Montalvão; o secretário era José Matias Neto – sobrinho de Francisco Matias–; o tesoureiro era Alexandre Cardoso da Silva, filho do José Leonel, irmão de Pedro, Cicília e Rita Cardoso. Escreveram nesse exemplar que conservo (número 36, de 1º/out/42): além dos diretores, os seguintes alunos: Valdeci Oliveira Fonseca (filha de Messias Fonseca, gerente dos Correios/Telegrafo), Maria Conceição Santos, Josefa Correia Santos, Marieta Fonseca, Valdeci Guerra (filha de Cícero Guerra), Zaíra Oliveira (filha de Milton Oliveira), Mariolanda, Francisco Teles e Diógenes Carvalho.  Também tem um artigo de meu pai, “Reminiscências Anapolitanas”. Ele era o diretor do grupo escolar, orientador e supervisor do jornalzinho e nesse artigo usou o pseudônimo CARDÉ (sílabas iniciais de Carvalho Déda).

Como diz a canção: “ ...velhos tempos, belos dias...” 

Por enquanto é só, mas tenho muitos causos de nosso Grupo para contar, quando folga tiver de meus “trabalhos” no Lago Dourado...

Aracaju, 06/09/2012

Beto Déda
 

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