quinta-feira, 4 de outubro de 2012


O FUTEBOL EM SIMÃO DIAS


Já faz algum tempo li e admirei um artigo que meu sobrinho Marcelo escreveu no Jornal da Cidade, comentando sobre sua iniciação como torcedor do Flamengo. O seu texto, muito bem escrito e com ricos detalhes, reavivou minhas lembranças como torcedor de futebol na época em que vivemos em Simão Dias. Comentei pra ele as recordações do futebol de nossa terra e repito aqui, desta feita em atenção especial ao amigo e primo Humberto Oliveira, que é um vascaíno que não nega a camisa, exposta na sua página no facebook.

Não tenho ideia de quando comecei a torcer pelo Flamengo, sei apenas que tudo começou quando eu era aprendiz de tipógrafo nas oficinas do Jornal “A Semana”, editado por meu pai. E uma das minhas alegrias futebolísticas aconteceu quando o rubro-negro foi tricampeão carioca (1953/54 e 55), com uma equipe que até hoje não esqueci a escalação: Garcia, Tomírez e Pavão, Jadir, Dequinha e Jordão, Joel, Índio, Rubens, Evaristo e Zagalo, este último era chamado pelos torcedores, como eu, de Zé Galo, ele substituiu o grande Esquerdinha.

Àquela época acompanhávamos os jogos através do rádio, no bar de Abel Jacob dos Santos, um amigo comerciante que mais tarde foi eleito prefeito da cidade e deputado estadual.

Como torcedor, tempos depois, estimulei todos meus sobrinhos  que comigo conviveram em Simão Dias a torcerem pelo Mengo e os presenteava com uma camisa rubro-negra. Daí porque todos são flamenguistas (Marcelo, Marco, Zezinho, César, Cristiano, Cacau, e, sem a menor dúvida meus filhos). Diz Marco que não se liga muito em futebol, mas continua torcendo pelo Mengão. Uma vez Flamengo...

Atualmente evito assistir aos jogos do time, devido ao meu problema de pressão alta e taquicardia. Só vejo o jogo quando o Mengo está ganhando com folga de gols e, concomitantemente, faltam poucos minutos para encerrar o match.

Por falar na palavra “match”, em nossa terra, naquela época, era comum se usar  expressões em inglês (o futebol tem origem Britânica). Lembro-me de algumas delas: goalkeep = goleiro; back = zagueiro;  fullback = zagueiro central; Half (esquerdo e direito) e centerhalf = linha intermediária; center for = artilheiro; fall = falta; corner = escanteio, etc.

Lembro-me, também, que nos anos cinquenta os simão-dienses viveram intensamente a emoção do futebol, com quatro clubes: Flamengo, Vasco, Vitória e Lira. Em 1956 aconteceu um campeonato com esses clubes, disputado no gramado do Bairro Bonfim, que nos dias de jogos era cercado com lona (uma empanada parecendo um circo sem o teto), vigiado por “mata-cachorro”, e tinha o nome garboso de Estádio José Barreto. Os jogadores tinham apelidos marcantes: Cotó, Dié, Xinoca, Bacalhau, Bacalhauzinho, Done, Buscarré, Seça, Motorzinho, Itaporanga, Dedinho, Pé de Tábua, Zé de Marocas, Zé de Zilda, Zé de Silvina e muitos outros.

Para minha tristeza, o Vasco foi o campeão e houve uma grande festa patrocinada pelo Presidente do time, Benedito de Arnor.

Tio Sininho (Francino Silveira Déda) era torcedor do Vasco. Fez uma reportagem sobre a última partida do campeonato, publicada n’A Semana, e editou um encarte (ver ao lado) que registrava o escudo, a bandeira e a letra do hino de sua autoria (assinava como Sineta), com o seguinte refrão:

 "Vasco da Gama/
Nosso brasão
De nossa terra
És campeão...
Vasco da Gama
Tens simpatias/
És campeão/
De Simão Dias”.

Infelizmente, logo em seguida, tudo acabou. A ideia de se pagar aos jogadores e se misturar futebol com política foi o passo decisivo para o fechamento dos clubes.
 

Anos depois surgiu o Cruzeiro e a construção do Estádio Luciano Cardoso, onde ocorreram grandes jogos com o Leônico (de Salvador), o Sergipe, o Confiança (de Aracaju), o Santa Cruz (de Estância), o Canta Galo (de Itabaiana) e os times das cidades da região. A grande rivalidade mesmo era quando jogava a seleção local contra os times de Lagarto e de Paripiranga. De vez em quando o “match” terminava em briga...

 São lembranças estimuladas pelo primo Humberto e o sobrinho Marcelo. Mas tenho outras do futebol de Simão Dias, que contarei depois, se assim me permitirem o tempo e a paciência...


 Aracaju, 21/09/2012

Beto Déda

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