sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Lembrando a peraltice da moringa na janela.

No final dos anos 80 eu gostava imensamente de visitar minha terra aos sábados e filmar pessoas queridas. Foi em um dia de feira que capturei cenas da Rua Cônego Andrade (conhecida como Rua do Comércio Velho), Rua Jairo do Prado Dantas (antiga Rua da Lama), Rua do Coité e Rua Dr. Joviniano de Carvalho (que atualmente é o calçadão).

Revendo este vídeo, retorno aos tempos de criança, lembrando as pessoas que por ali moravam.  Iniciando pela Rua do Comércio Velho – a primeira recordação é a da casa do Sr. Nanô, que era funcionário federal (coletor), casado com D. Floripes. Era uma casa antiga, vizinha às Escolas Reunidas, com telhado comum naquela época, tipo beiral, conhecido como “beira e bica”, protegendo a parede da frente que tinha uma porta e três janelas.  A referida casa já foi reformada e a lembrança que tenho de sua antiga frente tem um motivo: uma peraltice de criança que guardei hermeticamente na minha cachola e somente hoje repasso para os amigos.

No tempo de verão, era costume de Seu Nanô colocar uma moringa para esfriar no batente da janela da frente de sua casa. A brisa da tarde refrescava a água de tal forma que a moringa respingava gotas, como orvalho.

Pois bem, certa tarde do início dos anos cinquenta, eu passava pela frente da casa de Seu Nanô, em direção à padaria do Gumercindo, e deparei-me com a tal moringa na janela. De súbito, tive a ideia de uma travessura: com a ponta do dedo indicador empurrei a moringa que se espatifou, molhando o chão da sala e respingando na preguiçosa em que Seu Nanô cochilava. Quando notei o despertar do proprietário, fugi em disparada para não ser percebido. Retornei a minha casa, por um roteiro mais longo, contornando a Rua da Lama.  Até hoje não esqueço o susto de Seu Nanô, que largou longe o pente fino que costumava alisar seu cabelo.

Ao revelar essa traquinagem dos velhos tempos e na impossibilidade de me desculpar perante Seu Nanô, presto, aqui e agora, minha homenagem ao saudoso conterrâneo.

Neste vídeo os simãodienses recordarão de pessoas amigas e  edificações antigas:  o prédio onde funcionou Caiçara Clube, o Armarinho de Lélia e Inês Carvalho, a Padaria de Gumercindo Fraga, as casas de Barbosa Guimarães, tio Sissi e do Sr. Demétrio, a Padaria de Joãozinho, o sobrado do Seu Janjão Nunes, a casa do mestre Raimundo Macedo (sede da filarmônica Lira Santana), o prédio do Cine Brasil, o Cartório do 2º Ofício, de Dadinha (Maria da Soledade Macedo Freitas), que, antigamente, fora de meu tio Sininho Déda e, também, o prédio onde funcionou o Banco do Brasil até 1953 e o antigo Açougue Municipal.






O vídeo vale mais que mil palavras. Postei em minha página no Facebook. Vejam lá...

Aracaju, 21/10/2016

BETO DÉDA

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