segunda-feira, 21 de maio de 2018



UM TROTE INESQUECÍVEL. 





Carteira de Estudante de Economia
Na tarde desta segunda-feira, 21 e maio, eu estava procurando um documento em meus arquivos e deparei-me com uma antiga carteira de estudante. Foi como um toque em minha memória para relembrar um fato engraçado e importante de minha vida. 

No final da primeira metade dos anos sessenta eu trabalhava como redator da Secretaria de Imprensa do Governo de Sergipe e comecei a estudar na Faculdade de Ciências Econômicas, cujo prédio ficava na Praça Camerino, aqui em Aracaju. 


Prédio da antiga Faculdade de Ciências Econômicas
Praça Camerino - Aracaju - Foto Google Maps
Naquela época os jovens que passavam no vestibular eram submetidos a um rigoroso trote. 

Fiz o vestibular e, depois de alguns dias, fui até a Faculdade pra saber o resultado. Lá chegando, alguns veteranos que me conheciam – e de antemão sabiam que eu tinha sido aprovado – sugeriram à turma encarregada do trote que não me deixassem escapar. 


E eles realmente não me deixaram fugir. Cortaram minha cabeleira com máquina zero, rasgaram minha camisa e entre outras gozações, derramaram sobre minha cabeça um balde de água misturada com pigmento de  óxido de ferro, deixando todo meu corpo banhado de vermelho. A alegria dominou o pátio do prédio da Faculdade.


Terminada a fuzarca, os veteranos liberaram os calouros. Eu morava na casa dos queridos Haroldo/Maura, que ficava na Rua de Boquim, próxima à Faculdade. Fui até lá e bati no portão. Minha irmã Maura veio atender e tomou um susto danado. Vendo-me com a cabeça raspada e o corpo todo coberto de pigmento vermelho, pensou que era sangue e que eu tinha sido atropelado em doloroso acidente. 

Notando seu semblante de surpresa e agonia, apressei-me em avisá-la que estava tudo bem e que aquilo fora um trote dos estudantes por ter sido aprovado no vestibular. Mas ela, apavorada, não me ouvia. E trêmula, gritava para Haroldo me socorrer... 

O Haroldo apareceu e seguiu-se um grande bafafá em que todos nós falávamos ao mesmo tempo. 

Somente depois de alguns instantes de desespero é que eles cuidaram de observar meu estado cômico. Então tudo foi devidamente esclarecido e terminou em incontidas gargalhadas.

Ainda hoje relembrei pra eles este fato, e nos divertimos muito, lembrando a aflição que tiveram depois do meu alegre trote.

Aracaju, 21 de maio de 2018.

Beto Déda



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