JOGANDO BOLA NO CAMPINHO DO BONFIM DE BAIXO E
PESCANDO NO CAIÇÁ.
Há poucos dias estive revivendo momentos da boa terra em animada
conversa com dois conterrâneos: Dr. João Pinto e Agripino Santos. Eles são
filhos de saudosos e conhecidos simãodienses.
O João é filho do Seu Nelson Pinto de Mendonça, que foi
um honorável prefeito de nossa cidade, sempre lembrado por seu comedimento e
probidade administrativa.
Agripino é filho do popular e benquisto Seu Manoel da
Marinete – e aqui cabe uma explicação para os mais jovens, especialmente meus
netos: marinete não é nome de pessoa, era o termo que
antigamente dávamos aos ônibus.
Seu Manoel trabalhava, em companhia de Seu Jove, Seu Zequinha e depois
Seu Didi, na marinete que fazia o trajeto Simão Dias-Aracaju.
Agora passemos ao que conversei com os meus amigos.
Encontrei-me por acaso com o João Pinto no Shopping Jardins, aqui em
Aracaju. Conversamos bastante, lembrando momentos vividos com seus irmãos Jorge
e Eduardo Pinto, e também com meus primos Zé Carlos e Washington Déda.
E nessas lembranças, ocorreu-me o tempo que, aos domingos, jogávamos
bola no campinho que ficava no local que hoje é o Posto de Gasolina de
familiares de Seu Ferreirinha. O campinho começava embaixo de
um pé de amêndoa, no início da Ladeira do mestre Roque, um conhecido ferreiro local.
Aproveitávamos o tronco do pé de amêndoa como uma das laterais da pequena
trave. Era um campo diminuto e gramado tipo “capim-de-burro”, próprio para
pelada com cinco guris de cada lado; guardava uma ligeira semelhança, em
tamanho, aos atuais campos de futebol de salão.
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O local onde antigamente jogávamos pelada. Antiga Rua de Lagarto ou Ladeira de Roque (Simão Dias) - Foto Map.Google.
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O nosso time tinha como técnico e responsável o Seu Liminha,
pai dos amigos Tonho Amaral e Zé Neri, que era um bom “football player”, termos em
inglês que usávamos naqueles idos para designarmos os bons jogadores e
dribladores. Jogavam no nosso time: eu, Zé Neri, Eduardo Pinto,
Jorge Pinto, Adilson de Jason e o João Pinto, este último, como era mais novo,
ficava como reserva do goleiro. O time adversário era variável,
formado com amigos residentes no Bonfim.
Seu Liminha era funcionário dos Correios e Telégrafos, casado com Dona
Corina que era proprietária do Hotel que ficava na Praça Barão de Santa Rosa,
em uma casa grande, cuja frente era revestida com bonitos azulejos portugueses.
No final de cada jogo, independentemente do resultado, nosso time ia até
o Hotel e Seu Liminha, depois de elogios ou conselhos, nos
servia água fria, refrescos acompanhados de gostosos quitutes e, para os
mais crescidos, um golezinho de um licor muito saboroso, feito de jenipapo.
Até hoje, quando estalo entre os beiços o gosto do gole de um bom licor,
lembro-me do nosso grande e sempre alegre técnico.
...
Com Agripino Santos a nossa conversa foi mediante mensagens, via
internet, no Facebook. Ele mora Rua Mário de Eliseu, a mesma que residia seu
pai, o popular Manoel da Marinete.
Atualmente aquela rua é denominada de Rua Ana
Andrade, que começa na ponte sobre o Riacho Caiçá, conhecida como Ponte Mario
de Eliseu.
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A Rua Ana Andrade, antiga Rua Mario de Eliseu, e
a ponte sobre o Rio Caiçá - Simão Dias - Foto Map-Google.
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Lembro-me que aconteceu ali, justo no local daquela ponte, uma grande
enchente do Caiçá que derrubou várias casas e destruiu parte do antigo prédio
onde funcionou o vapor de descaroçar algodão de Seu Pedro
Valadares.
Na conversa com Agripino, lembrei-me de amigos que ali também residiam.
Lembramo-nos do saudoso João Jacó, que era conhecido como João do Cinema,
porque ele trabalhava no Cine Brasil e fazia tudo: pintava os cartazes, era o
locutor que anunciava a programação e também revisava e projetava as
fitas. Disse-me Agripino que João era seu vizinho e costumava contar
histórias sobre os cinemas de nossa cidade.
Recordamos os filhos de Seu Pedro Coelho que também
morava ali. Entre eles os amigos Luiz e Benedito que eram assíduos
frequentadores do Cine Ipiranga. Soube então que Luiz era casado com uma prima
de Agripino. Em uma de minhas filmagens da antiga feira, eu fiz uma ligeira
entrevista com Luiz.
No riacho Caiçá, ali sob aquela ponte, eu costumava pescar uns peixinhos
conhecidos como chupa-pedra para coloca-los em vasos imitando
aquário. Diversão e criatividade não faltavam.
Lembrei-me também que ali perto tinha a malhada de Sr. Norzinho Andrade,
um idoso comerciante da antiga Rua da Feira, que era pai de José Silva Andrade,
proprietário da casa comercial "O Lavrador".
Na malhada do Sr. Norzinho tinha um tanque que eu costumava pescar.
Certa tarde eu estava distraído na pesca, quando fui surpreendido por Seu
Norzinho. Notando que eu estava pálido em decorrência do susto, olhou-me
compreensivo e exclamou:
- “Como você está pescando com anzol, não tem problema”. E concluía:
“Não permitiria se a pesca fosse com uma rede. Então fique á vontade!”.
Não fiquei. Quando ele deu as costas, não vacilei em passar sebo nas
canelas e iniciar uma carreira sem precedentes. Depois desse susto, nunca mais
pesquei naquele tanque.
São lembranças de Simão Dias nos anos cinquenta.
Os amigos João Pinto e Agripino Santos ativaram minha memória. Sou
imensamente agradecido pelo bom diálogo e as boas lembranças que tivemos.
Aracaju, 27/05/2019
BETO
DÉDA
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