Alexandre Caroso, tio João e a lamparina.
No último sábado,
na feirinha do bairro Grageru, comentando com Wellington Aragão sobre os amigos
da velha guarda de Simão Dias e Jequié, lembrei-me do Alexandre Caroso, outro
jequieense que também partilhava da amizade do tio João, Dr. Salustino e Lapa.
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Foto capturada do Google Map. Rua Alvares Cabral, Jequié- BA |
Alexandre Caroso era
um pecuarista que residia em Salvador, mas sempre estava em Jequié onde possuía
sua propriedade rural. Na cidade sol, ele pernoitava em uma casa que tinha na
Rua Álvares Cabral, próximo a minha residência. Foi lá que o conheci.
Ficamos amigos
quando eu soube que ele conhecera minha terra e o tio João Déda, ao visitar Dr.
Salustino, em companhia do Sr. Lapa.
Lembro-me das boas
risadas do Alexandre ao me contar como conhecera meu tio. Repasso o causo aos
amigos, procurando ser fiel ao que me foi relatado. Aliás, esse fato foi
devidamente confirmado pelos demais participantes.
Dizia Alexandre que
já conhecia, por ouvir dos amigos comuns, a paciência e os cuidados do tio João
ao realizar os trabalhos de artesanato. Em companhia do Dr. Salustino e do Seu
Lapa, fora conhecer meu tio em sua tenda. Os amigos ficaram observando ao
longe, e sugeriram que o Alexandre fosse sozinho conhecê-lo e testar
sua paciência.
O Alexandre foi
mansamente entrando na tenda e observando os trabalhos em couro. Era tardinha e
meu tio estava em frente ao seu balcão de trabalho, começando a acender uma
placa (na época não existia energia elétrica em Simão Dias e se usavam as luminárias
a querosene: placas ou lampiões, candeeiros e petromax).
O Alexandre
aproximou-se, cumprimentou meu tio e indagou: “O senhor faz e vende jalecos como esse aí?”.
Meu tio virou-se
para olhar o jaleco, então o Alexandre, sem o velho perceber, assoprou em direção à
placa e apagou o pavio. Antes de responder, meu tio pegou o fósforo e voltou a
acender a lamparina. O visitante
continuou fazendo indagações para distraí-lo, aproveitou uma
oportunidade e mais uma vez apagou a luminária. Pacientemente meu tio pegou, em baixo do
balcão, a caixa de fósforos e novamente acendeu o pavio.

“Apague de novo seu
peste, pra vê se eu também não lhe apago!...
Nesse instante, Dr.
Salustino e Lapa entraram rapidamente na tenda e acalmaram tio João, esclarecendo a brincadeira.
E riram muito,
lembrando a expressão de susto do Alexandre.
A paciência do meu
tio tinha limites.
Aracaju, 11/11/2015
BETO DÉDA
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