quarta-feira, 20 de julho de 2016


HISTÓRIAS “PENOSAS” PARA OS DE MAIOR IDADE.
Antes de qualquer coisa, aqui vai uma pergunta pertinente para os dias atuais: quando se inicia a maior idade para se ouvir histórias “penosas”? Com 14, 16 ou 18 anos?  Não sei e não entro na discussão. Como sou da velha guarda, melhor é que menores de 18 anos não leiam estas “mal escritas linhas”. 
Para meu tio Paulo, que gostava muito de contar tais histórias, a palavra "penosa" tinha o sentido especial, ou seja, dava ideia de coisa maliciosa, picante, sensual. Um simples fato da vida era transformado por ele em uma “história penosa”, que usava para abrir sorrisos e alegrar os ambientes.  Para ele tais histórias não serviam para os de menor idade.
 Em uma de minhas conversas com tio Paulo, lembrando coisas de nossa cidade, falei sobre as balas envolvidas com figurinhas de jogadores de futebol, vendidas logo após a seleção brasileira ser campeã mundial, em 1958. Então ele lembrou o caso das famosas “Balas Bil”.
Dizia ele que, naquela época, apareceu em Simão Dias uma engraçada senhora carioca, com um sotaque forte, que impressionava as pessoas.  Esta senhora foi até o Bar de Valério comprar umas Balas Bil, muito apreciadas pela garotada, para distribuir com seus sobrinhos. Foi atendida por seu João Fontes que era balconista do bar. Depois de distribuir as balas com a meninada foi fazer o pagamento. Espantou-se com o valor informado por seu João, e manifestou seu espanto, deixando admirados os que estavam no bar e ouviram suas palavras. Exclamou ela em tom de protesto, formando um cacófato, em que ficava evidente um termo (xibiu) que, em nossa região, tem  o sentido chulo de vulva:
 - Xiiii Bil está muito caro nesta terra...
...
Meu tio sabia dosar com graça os causos que contava e o fazia transbordando humor. Aqui vai outra história penosa. Contou-me que uma vez apareceu na cidade um sujeito esperto que dizia saber falar com os animais. Era apenas um ventríloquo. Ele tinha parentes que trabalhavam na Fazenda "Chora Menino" e foi em direção àquele local juntamente com um garoto guia. No meio da estrada, para impressionar o guia, começou a usar sua especialidade como ventríloquo e simulava conversar com os animais. Primeiro com o boi, depois com o porco e  em seguida com um jumento. O guia ficou boquiaberto com aquilo e pensou: “Não é que o danado sabe falar com os bichos”. Continuaram caminhando, mas, de repente, o garoto ficou apavorado. É que lá na frente estava sua ovelha preferida e que ele usava para aliviar suas comichões. O visitante olhou a ovelha e percebeu o apavoramento do guia. Então exclamou: “Olá, amiga ovelha, como meu guia vem lhe tratando?” E ele mesmo começou a resposta: “Ora, tem me usado...” Então o rapazola interrompeu imediatamente a conversa:
-Moço, é melhor não conversar com esta ovelha. É uma bicha mentirosa e considerada como a maior ‘levantadeira’ de aleive desta redondeza. Esqueça a lanzuda, converse com o pato...
...
Dando o dedo pé
E tinha a historia de um menino danado de Simão Dias, cheio de sardas, que de tudo fazia uma molequeira. Dizia meu tio que o garoto era tão safado que sabia fazer pornografia com o dedo do pé.  Mostrava o dedo do pé imitando o que outros fazia com o da mão. Tudo que lhe perguntava, ele respondia usando uma pulha ou um palavrão. A maior satisfação do garoto sardento foi quando começou a estudar inglês no ginásio. Ele ficou vidrado quando a professora começou a ensinar o verbo “To Be”, especialmente quando ouviu a pronúncia “tu-bi”, igual ao termo usado na cidade para designar o órgão genital feminino. Em determinado dia, vendo a Professora de Inglês passar, ele não se conteve e exclamou: “Lá vai um grande tubi”. A mãe ouviu, não gostou e reclamou. A justificativa do garoto foi imediata: “Ora, ora, estou aprendendo inglês e dizendo que a professora é um grande tubi, ou seja, um grande ser. Sacou?...
Certa vez, para provocá-lo, tio Paulo indagou: “Madeirinha, faça uma rima com a palavra anão. O garoto pensou um pouco e, não encontrando melhor rima, saiu-se com essa: “Anão, anão mais com uma pinta destamanhão” . E fazia um gesto separando as mãos para demonstrar o “destamanhão”...
Aracaju, 20/07/2016

BETO DÉDA

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