Presidenta ou
Presidente? Gafe ou questão ideológica?
Recentemente
a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, foi indagada por um de seus
pares se preferia ser chamada de “presidente” ou “presidenta” daquela corte de justiça. Com o um sorriso irônico, ela justificou primeiramente seu entendimento para depois externar sua opção, afirmando:
“Eu fui estudante e
EU SOU AMANTE DA LÍNGUA PORTUGUESA. Acho que o cargo é de presidente,
não é não?”
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Ministra Cármen Lúcia quando ocorreu o fato polêmico |
A forma
como justificou sua resposta gerou uma série de interpretações: a) deselegância
e maldade perante a Presidenta Dilma; b) ignorância do sentido do verbete
“presidenta” em nossa língua; e c) agradar aos partidários do impeachment e
revelar sua ideologia.
Não resta
dúvida de que o vocábulo “PRESIDENTA” está presente em dicionários da língua
portuguesa e enciclopédias, como substantivo feminino. A
preferência de Dilma em ser chamada de presidenta expressa sua vontade de
evidenciar o fato de que foi a primeira mulher a ser eleita como presidenta do
Brasil. E o importante é que o vocábulo está absolutamente de acordo com
lexicólogos de nossa língua. Neste sentido, vale lembrar que o verbete “Presidenta” consta em
dicionários e enciclopédias, como substantivo feminino, com significado de:
mulher que se elege presidente de um país (Grande Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa); mulher que preside (Novo Dicionário da Língua
Portuguesa-Aurélio), e mulher que exerce função de presidente (Nova
Enciclopédia Delta Larousse).
De notar-se
que a resposta da ministra repercutiu como uma maldade ou, no mínimo, uma
deselegância com a Presidenta Dilma. E não foi pouco o vexame que a declaração
causou nos meios sociais, especialmente agora, quando a população brasileira se
acha dividida por atos de políticos e da mídia que tentam de todos os meios
tomar o poder. O fato alcançou uma dimensão ainda maior diante da fase negativa e
de incredulidade porque passa o Poder Judiciário, em grande parte decorrente de
fatos e declarações equivocadas de alguns magistrados e ministros togados.
Nos bancos
da faculdade e no exemplo de bons aplicadores do direito, aprendemos que o
magistrado deve ser comedido no seu falar, especialmente diante de órgãos de
divulgação. A falta de prudência de um
juiz, em seus atos e declarações, pode transparecer parcialidade e dar azo à interpretação de que estaria
concedendo favorecimentos indevidos ou de ter ideologia preconceituosa. Lamentavelmente se tem conhecimento de que essa atitude vem acontecendo com frequência e o pior, servem de péssimo exemplo.
Para mim, no
meu modo simples de pensar, acredito que a ministra cometeu um lamentável
equívoco e que, doravante, certamente pensará duas vezes antes de soltar o
verbo.
Por outro
lado, diante desta polêmica, não posso negar que me lembrei do saudoso tio Paulo que, se vivo estivesse, aproveitaria para transformar
a criticada justificativa em uma história “penosa”, transbordando humor. E, não tenham dúvida, eu escreveria tal "penosa" aqui, observando a devida cautela em trocar os nomes dos personagens...
Aracaju, 14/08/2016
BETO DÉDA
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