A
PROFESSORA OLDA DANTAS SOLFEJANDO COM OS ANJOS.
Na última semana,
partiu para dimensão celestial a professora do curso primário do Grupo Escolar
Fausto Cardoso, D. Olda do Prado Dantas. Não obstante sua ausência física, a ilustre
mestra renasce no coração dos simãodienses, continuando presente na memória de
todos aqueles que tiveram a felicidade do seu convívio.
Tenho recordações
maravilhosas dos meus tempos de criança, quando estudava no Grupo Escolar de
minha terra e aprendia as primeiras lições com a Professora Olda. Além de
cuidar do conjunto de disciplinas dos primeiros anos do curso, ela também se
dedicava, com maestria, a despertar entre os estudantes mirins o gosto pelo
canto orfeônico. Naquela época a direção da escola incentivava às crianças a
cantarem hinos pátrios e músicas folclóricas, para despertar o sentimento cívico,
a disciplina e o desenvolvimento intelectual. E neste ponto a Professora Olda
Dantas teve um papel importantíssimo.
Não esqueço seu corpo
pequeno gesticulando com exímia maestria o meu canto favorito de menino, de refrão
inesquecível:
“Havia
um pastorzinho,
Que vivia a cantar:
Dó, ré, mi, fá... fá...fá
Dó, ré...ré...ré
Dó, fá, sol, mi... mi...
Dó, ré mi, fá...fá...fá.”
Diariamente,
no início das aulas, tia Vina ou D. Rosália tocava o sino e todos os alunos
perfilavam-se no grande corredor da escola para cantar o hino escolhido para
dia (Hino Nacional, da Independência, da Bandeira etc.), culminando sempre com
o hino do próprio grupo, de letra do meu saudoso pai, que além de outras
atividades foi inspetor escolar e diretor daquele Grupo. Relembro aqui os
versos de nosso hino, que cantávamos garbosos, sob a regência da querida Professora
Olda:
"Somos
do Grupo Fausto Cardoso/
Disciplinados
estudantes.
Cada
estudante, um corajoso
E
cada mestre, um bandeirante.
A
escola chama, a pátria quer
Que
a juventude venha aprender/
Os
nossos livros são os instrutores
Que
nos ensinam a combater.
A
pátria quer que o juvenil,
Estudioso
e varonil,
Seja
a defesa do Brasil."
Ao ensinar as lições de
história ela tinha um método importante para envolver os estudantes nos temas abordados.
E para isto estimulava a participação dos alunos, que pronunciavam, em coro, a
última sílaba de cada ensinamento repetido. Lembro-me bem quando ela discorria
sobre o descobrimento do Brasil e, ao final, solicitava a participação da
classe. Dizia ela:
“O Brasil foi descoberto pelos portugueses no ano de hum mil
e quinhen...” E a turma respondia em coro a última sílaba: “...tos!”
Ou então “Quem descobriu
o Brasil foi Pedro Alvares Ca...” E a meninada gritava: “...bral”.
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Prof. Olda, ao 100 anos, na Igreja Presbiteriana |
Uma pessoa tão grata
aos conterrâneos não desaparece de nossas lembranças. Acredito que, ao desencarnar, nosso espírito
passa para outra dimensão e que lá, nos jardins celestiais, a querida
professora já esteja reunindo as criancinhas de Simão Dias que cedo passaram
para o Reino dos Céus. Creio que ali, com a bondade de sempre, a Professora
Olda estará orientando com maestria um coro de anjos de nossa terra a cantar
o hino do “Pastorzinho que solfejava o dó-ré-mi-fá...fá...fá...”.
Aracaju, 07/11/2016
BETO DÉDA
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