MICHAEL KOHLHAAS - UM BOM FILME, UMA HISTÓRIA DE LUTA E O PENSAMENTO DE UM CONSAGRADO JURISTA.
Nos dias cinzentos em
que o Brasil vive, tento fugir das notícias dos canais da “imprensa
marrom” e procuro entreter meu pensamento assistindo a antigos e bons filmes.
Acontece, porém, que
algumas vezes deparo-me com fitas que tratam de situações que transportam meus
pensamentos para fatos tristes dos dias atuais em nosso país.
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Cartaz do filme baseado na novela de Kleist |
Um bom filme que
assisti recentemente tem como título Michael
Kohlhaas – Justiça e Honra. O roteiro é baseado na obra-prima da literatura
alemã, escrita por Heinrich von Kleist, que narra a injustiça cometida contra
Michael Kohlhaas, um vendedor de cavalos que, inconformado com a violação
sofrida, decide dedicar sua vida à luta pela conquista do direito e de sua
honra.
O filme tem a direção do
francês Arnaud des Pallières e o ator principal é o dinamarquês Mads Mikkelsen.
Esse filme me
proporcionou algumas lembranças. Entre elas a de um livro que meu pai mantinha
sempre em sua mesa de trabalho: A Luta
pelo Direito, do jurista alemão Rudolf von Ihering, consagrado como uma
das maiores expressões da ciência jurídica do século XIX. Trata-se de uma obra indispensável a todos que
se interessam pela direito e lutam
contra as injustiças.
Não tenho em meus
arquivos o exemplar usado por meu pai, mas – seguindo seu exemplo – também passei a ser leitor do jurista alemão e mantenho em
estante próxima ao meu computador o texto integral do livro, em edição mais nova.
Pois bem, na terceira
parte de “A Luta pelo Direito”, Ihering lembra da obra de Kleist e apresenta o
exemplo formidável da luta de Michael Kohlhaas
que “assumiu perante o mundo o
dever de, com todas as suas forças, buscar o desagravo pela ofensa de que foi
vítima e proteger os concidadãos contra futuras ofensas”
.
Do livro de Rudolf von
Ihering transcrevo, aqui, importantes mensagens, já utilizadas por mim em petições
judiciais e que, agora, se ajustam ao
que vemos nesse nosso Brasil, que luta para não se transformar em um BraZil:
“Sempre
que o arbítrio e a ilegalidade possam erguer a cabeça sem rebuços nem
constrangimento, teremos um indício seguro de que aqueles a quem incumbe a
defesa do direito omitiram-se no cumprimento do dever.”
...
Nenhuma
injustiça praticada pelo homem, por mais grave que seja, aproxima-se, pelo
menos para o senso moral não corrompido, daquela que a autoridade investida em
suas funções pela graça de Deus comete ao violar o direito. Aquilo quem nossa
língua designa de forma tão adequada como o assassínio judiciário representa o
pecado mortal do direito. O guardião da lei transforma-se em assassino. Seu ato
equivale ao do médico que envenena o paciente, ao tutor que estrangula o
pupilo.
”
...
“O
fim do direito é a paz, o meio de que serve para consegui-lo é a luta. Enquanto
o direito estiver sujeito às ameaças da injustiça – e isso perdurará enquanto o
mundo for mundo – ele não poderá prescindir da luta. A vida do direito é a
luta: luta dos povos, dos governos, das classes sociais, dos indivíduos.
”
...
PS. Qualquer semelhança
com o que acontece no meio de nossa justiça é mera coincidência. Será?
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