A MOSCA NO RETROPROJETOR.
Ao
relembrar que foi em um mês de junho que comecei minha carreira de bancário, em
Simão Dias, aproveito a oportunidade para ativar minha memória e repassar,
aqui, para os colegas e amigos, causos alegres que ocorreram quando participei
de diversos cursos e treinamentos realizados pelo banco.
No BNB trabalhei
com muita dedicação e estudo. Participei de dezenas de cursos de especialização
e seminários patrocinados pela Divisão de Treinamento (DITRE), que era chefiada
pelo sempre lembrado Francisco Celestino de Melo e, depois, pelo companheiro José Luciano Braga. Guardo
boas lembranças deles.
Do
Celestino tenho uma recordação especial e de muito humor, que aconteceu, em
1970, quando eu e o saudoso colega Sebastião Ferreira dos Santos (Tião), da
Agência de Jequié, participávamos de um curso em Fortaleza. Estávamos conversando
quando apareceu o Celestino.
Com um
sorriso de orelha a orelha, ele aproximou-se, pegou em meu braço e disse,
apontando para Tião, que era de estatura menor que a dele:
- Veja meu caro Déda, hoje para mim é um dia
de excepcional felicidade, isto pelo prazer de cumprimentar um colega mais
baixo que eu. E não vou perder esta
maravilhosa oportunidade...
Em
seguida, estendendo a mão para Sebastião, exclamou em voz alta e rindo:
- Olá BAIXINHO, como vai você?
Em cena
inesquecível, presenciei os dois colegas se abraçarem sorrindo, fazendo humor
da própria estatura. Pequenos no tamanho, mas de corações gigantes.
De
Luciano Braga, conservo em meus implacáveis arquivos uma correspondência
oficial do BNB/DEPES-Ditre, de 29/10/1982, assinada por ele, agradecendo-me
“pelo alto espírito profissional revelado” na elaboração do material a ser
usado no Treinamento Programado à Distância (TPD) de Crédito Rural.
Mas vamos
lembrar o caso do retroprojetor, que foi sui generis em atrapalhação e humor...
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Balneário Iparama |
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Iparana - Caucaia - Fortaleza |
Lembro-me do Curso de Atualização em Crédito Rural, que foi realizado em 1973
naquele balneário. Nossa turma foi convidada – fugindo à grade principal do treinamento
– a ouvir uma palestra a ser proferida por um
militar, abordando o Sistema Nacional de Informações (SNI).
Estávamos
sob o regime denominado pelos donos do poder como “Gloriosa Revolução de 64”,
mas que era chamado nas conversas informais, à boca pequena, como ditadura ou
golpe de 64. E naquela época o temido
sistema de informações funcionava em todos os órgãos federais, e o BNB não
fugia à regra geral.
O
palestrante era um militar reformado, ligado ao banco e que, disseram-me, era um
homem simples, muito respeitado pelo pessoal da região.
O certo é
que a tal palestra foi meio enfadonha e não despertou atenção aos ouvintes, não
só pelo assunto abordado, mas talvez pela pouca experiência do palestrante na
arte do magistério.
Aconteceu
que, no decorrer da explanação do assunto, surgiu um fato interessante e
engraçado que capturou do esquecimento aquela palestra, passando-a para
área de inesquecível lembrança e que vale a pena relembrar.
É que o militar, sem muita habilidade com
retroprojetor, usava anotações em transparências que eram projetadas em uma
tela. No decorre de sua fala, uma mosca pousou sobre o retroprojetor e a imagem
foi projetada na tela. Ao perceber a intrusa, em vez de espantar a mosca que
estava sobre aparelho de projeção, o palestrante começou a bater na tela com
sua varinha (muitos militares gostavam de usar uma varinha), tentando fustigar
a imagem do inseto (!!!)...
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O palestrante fustigava a imagem da mosca na tela, enquanto o inseto permanecia imóvel sobre o retroprojetor. |
Não é
pouco dizer o murmúrio de gozação que se ouviu da turma. A situação vexatória
demorou alguns segundos e só foi resolvida quando um senhor (ordenança do
palestrante) espantou a mosca que estava sobre o retroprojetor.
O militar
ficou meio pasmo, mas não perdeu a esportiva: encarou a turma e também riu da
sua mancada. Talvez reconhecesse que realizar palestras e lidar com
retroprojetor não era sua praia.
Certamente
fora treinado no uso de outras máquinas...
Aracaju, 10 de junho de 2018.
Beto Déda
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