segunda-feira, 11 de junho de 2018


A MOSCA NO RETROPROJETOR.

Ao relembrar que foi em um mês de junho que comecei minha carreira de bancário, em Simão Dias, aproveito a oportunidade para ativar minha memória e repassar, aqui, para os colegas e amigos, causos alegres que ocorreram quando participei de diversos cursos e treinamentos realizados pelo banco.

No BNB trabalhei com muita dedicação e estudo. Participei de dezenas de cursos de especialização e seminários patrocinados pela Divisão de Treinamento (DITRE), que era chefiada pelo sempre lembrado Francisco Celestino de Melo e, depois, pelo companheiro José Luciano Braga.  Guardo boas lembranças deles.

Do Celestino tenho uma recordação especial e de muito humor, que aconteceu, em 1970, quando eu e o saudoso colega Sebastião Ferreira dos Santos (Tião), da Agência de Jequié, participávamos de um curso em Fortaleza. Estávamos conversando quando apareceu o Celestino.  

Com um sorriso de orelha a orelha, ele aproximou-se, pegou em meu braço e disse, apontando para Tião, que era de estatura menor que a dele:

 - Veja meu caro Déda, hoje para mim é um dia de excepcional felicidade, isto pelo prazer de cumprimentar um colega mais baixo que eu.  E não vou perder esta maravilhosa oportunidade...

Em seguida, estendendo a mão para Sebastião, exclamou em voz alta e rindo:

- Olá BAIXINHO, como vai você?

Em cena inesquecível, presenciei os dois colegas se abraçarem sorrindo, fazendo humor da própria estatura. Pequenos no tamanho, mas de corações gigantes.

De Luciano Braga, conservo em meus implacáveis arquivos uma correspondência oficial do BNB/DEPES-Ditre, de 29/10/1982, assinada por ele, agradecendo-me “pelo alto espírito profissional revelado” na elaboração do material a ser usado no Treinamento Programado à Distância (TPD) de Crédito Rural.

Mas vamos lembrar o caso do retroprojetor, que foi sui generis em atrapalhação e humor...

Balneário Iparama
Iparana - Caucaia - Fortaleza
Dos diversos cursos de especialização que eu participei, dois deles foram realizados em um balneário na praia de Iparana, município de Caucaia, que faz parte da região da grande Fortaleza. Parece-me que era um balneário do SESI, cedido ao BNB para realização de treinamentos. 

Lembro-me do Curso de Atualização em Crédito Rural, que foi realizado em 1973 naquele balneário. Nossa turma foi convidada – fugindo à grade principal do treinamento –  a  ouvir uma palestra a ser proferida por um militar, abordando o Sistema Nacional de Informações (SNI).


Estávamos sob o regime denominado pelos donos do poder como “Gloriosa Revolução de 64”, mas que era chamado nas conversas informais, à boca pequena, como ditadura ou golpe de 64.  E naquela época o temido sistema de informações funcionava em todos os órgãos federais, e o BNB não fugia à regra geral.

O palestrante era um militar reformado, ligado ao banco e que, disseram-me, era um homem simples, muito respeitado pelo pessoal da região.

O certo é que a tal palestra foi meio enfadonha e não despertou atenção aos ouvintes, não só pelo assunto abordado, mas talvez pela pouca experiência do palestrante na arte do magistério.

Aconteceu que, no decorrer da explanação do assunto, surgiu um fato interessante e engraçado que capturou do esquecimento aquela palestra, passando-a para área de inesquecível lembrança e que vale a pena relembrar. 

É que o militar, sem muita habilidade com retroprojetor, usava anotações em transparências que eram projetadas em uma tela. No decorre de sua fala, uma mosca pousou sobre o retroprojetor e a imagem foi projetada na tela. Ao perceber a intrusa, em vez de espantar a mosca que estava sobre aparelho de projeção, o palestrante começou a bater na tela com sua varinha (muitos militares gostavam de usar uma varinha), tentando fustigar a imagem do inseto (!!!)...
O palestrante fustigava a imagem da mosca na tela, enquanto o inseto permanecia imóvel sobre o retroprojetor.


Não é pouco dizer o murmúrio de gozação que se ouviu da turma. A situação vexatória demorou alguns segundos e só foi resolvida quando um senhor (ordenança do palestrante) espantou a mosca que estava sobre o retroprojetor.

O militar ficou meio pasmo, mas não perdeu a esportiva: encarou a turma e também riu da sua mancada. Talvez reconhecesse que realizar palestras e lidar com retroprojetor não era sua praia.

Certamente fora treinado no uso de outras máquinas...

Aracaju, 10 de junho de 2018.
Beto Déda

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