quarta-feira, 30 de setembro de 2020

A imensa saudade de “IOIÓ”

 

Na última quinta-feira de setembro, sentido imensa saudade, minhas lágrimas fluíram dos olhos, encharcando minha quase octogenária face. Naquele dia, partiu para o paraíso a minha bem-aventurada irmã Nancy, que carinhosamente chamávamos de Ioió.

Amenizei minha dor ao narrar para meus queridos sobrinhos momentos felizes que compartilhei com minha inesquecível irmã. A sua contagiante alegria, o otimismo e a bondade expressa em constante solidariedade que nos protegia sempre.  

Conservo em minha mente uma variedade de fatos marcantes que me encantam desde o tempo que eu era apenas um garotinho e ela já era minha protetora (a diferença de idade era de, aproximadamente, 12 anos). 

Lembro-me como se fosse hoje, o tempo que frequentei o curso infantil nas Escolas Reunidas Augusto Maynard, cujo prédio ficava na Rua Cônego Andrade, no trecho entre a padaria de Gumercindo e a casa do Senhor Nanô, pai de Betinho da Concord, quase em frente da casa que ela passou a residir, anos depois, quando se casou com Filadelfo.

Nancy era professora daquela escola e me protegia. Recordo-me de minha farda do curso infantil: camisa e calça curta de um tecido em xadrez com  listas vermelhas, seguras por suspensórios.  Qualquer perturbação que eu sentia, procurava arrimo em seus braços, exclamando em gritos estridentes: “Ioió! Ioió!”.

Naquele tempo, chamávamos Nancy de “Ioió”, que correspondia a uma corruptela do sobrenome Accioly. O nome de solteira dela era Nancy Accioly Déda. O Accioly vem de nossos ancestrais maternos que moravam no engenho Vazaringui, situado no município de Riachuelo. Nossa avó chamava-se Adele Accioly Oliveira e minha mãe era Maria Accioly de Oliveira, que repassou o sobrenome Accioly para nossa querida Nancy.

Benditas e sempre lembradas Accioly! Eu as homenageei, nomeando meus filhos Carla e Bruno e também minha neta Marina com o sobrenome Aciole (sem o “y” e o duplo “c”, igual ao que escrevi na minha primeira composição tipográfica – ver foto a seguir).

Minha primeira composição tipográfica no jornal A Semana, edição de 29.08.53 (Ao fazer a composição não localizei, nas caixas de letras de chumbo, o “Y” que deveria usar nas palavras Nancy e Accioly. E o revisor não viu).


Pois bem. Ouvíamos minha mãe chamar Nancy de Accioly e, pela lei do menor esforço, todos passamos a chamá-la de Ioió.

O interessante é que eu tinha um colega nas Escolas Reunidas, conhecido como João Bedefor, que fazia gozação de meus gritos chamando por minha irmã. Muito tempo depois, já rapazes, sempre que me encontrava, ele não perdia a oportunidade de perguntar sorrindo:

- “Já pediu, hoje, a ajuda da Profª. Ioió?”...

Então, fazendo de conta que a pergunta do colega e amigo João fosse feita agora, responderia:

 - “Pedi ajuda, sim!”.

E, como se conversasse presentemente, peço a minha saudosa Ioió que nos ajude – a mim e aos meus queridos sobrinhos – a suportar a dor de sua ausência física.

O certo é que amenizei minha saudade, cantando baixinho e comovido –  quase em murmúrio – os versos da canção Nancy”, de Bruno Arelli e Luiz Lacerda, muito em voga nos velhos tempos, interpretada por Carlos Galhardo:                

 “Somente poderia

A musa traduzir

 O nome que é poesia, Nancy”

 

Aracaju, 30 de setembro de 2020.

BETO DÉDA 

 



4 comentários:

  1. 👏👏Tenho muitas lembranças boas dela. Gostava muito de suas conversas. Sempre educada e sorrindo. Sei o quanto é difícil a dor da perda. O que nos consola são as lembrancas boas e isso sei q tem muito. Q os espíritos de luzes a proteja na sua nova jornada!❤

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    1. Amém. Estou agradecido por suas reconfortantes palavras. Um abraço.

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  2. Boas lembranças meu pai amado! Como sempre me emociono lendo suas publicacaões!

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