O encontro de idosos operados…
Nesta semana, ainda em repouso de uma cirurgia, tive a satisfação de me encontrar com um conterrâneo e me alegrar com lembranças de acontecimentos chistosos dos velhos tempos em nossa terra natal. Lembramos de patrícios notáveis e de fatos alegres, desses que nos fazem melhorar o humor e aliviar a tensão dos dias atuais.
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Desenho da conversa de idosos (Utilizando IA, edição de Beto Déda e Amanda Santos) |
No meio da conversa, eu informei que fora submetido a uma exitosa cirurgia de catarata e que, embora ainda convalescente, já sentia os efeitos benéficos da operação. Ao saber dessa novidade, o amigo riu muito, e passou a me contar o vexame que ele teve quando foi submetido a uma cirurgia de vesícula (confessou que tinha sido operado por várias vezes!).
Resguardando o nome do amigo confidente e do local de sua cirurgia, passo a narrar detalhadamente, sem diminuir ou acrescentar, tudo que ele me contou, mas para isto, devo esclarecer que recebi seu “nihil obstat”.
Disse-me que chegou ao hospital apreensivo e ansioso, com ligeiro temor da nova operação. O ambiente era frio, com temperatura regulada por potentes aparelhos de ar-condicionado. Esfregando as mãos freneticamente para aquecê-las, aguardou sua chamada. Um serviço de alto-falante, com som duvidoso, chamou seu nome. Acompanhado de uma enfermeira, dirigiu-se ao centro cirúrgico, passando antes pelo sanitário (conhecido nos velhos tempos como “privada ou sentina”) para aliviar a bexiga (tirar água do joelho, com dizem os biriteiros). Antes de entrar no centro cirúrgico, passou pelo vestiário, para trocar a roupa por um “avental curto e aberto”, que cobria apenas o tronco, deixando as pernas e braços nus.
Antes de tirar a roupa, foi orientado pela enfermeira a tirar todos os acessórios do corpo: próteses e outras peças artificiais, caso usasse para auxiliar a função de algum órgão. Ele balançou a cabeça, em sinal de que tinha entendido e, em seguida, recebeu uma cesta para guardar os instrumentos auxiliares de seu corpo...
Então, sorrindo, demonstrando seu admirável humor, disse-me como retirou cuidadosamente cada peça. A primeira foi a peruca, que cobria sua brilhosa careca, em seguida foi uma sequência de instrumentos artificiais: o aparelho para surdez; a dentadura; uma pulseira de cobre de uso terapêutico, para aliviar dores e melhorar a circulação do sangue; um cordão com búzios para abrandar mau-olhado; e, finalmente, tirou de uma das narinas uma folha de arruda, que acreditava ser boa para melhorar as vias respiratórias.
Depois de tudo, lembrou que tinha uma prótese que não sabia como tirar. Então, com acanhamento e ar de dúvida, resolveu informar sobre essa peça auxiliar para a enfermeira. Disse ele: “- Doutora, eu tenho uma prótese na parte íntima do meu corpo, mas não posso tirar…” , e baixou a cabeça, encabulado, esperando uma resposta. A moça respondeu com um sorriso: “Deixe-a no respectivo lugar. Não vai poder tirar e também não terá serventia aqui”. Aliviado da dúvida, ele conservou sua prótese peniana no devido lugar...
Depois de despir a gasta carcaça de tantos acessórios, foi aguardar sua vez na antessala do centro cirúrgico, onde sofreu com o frio descontrolado do ambiente. Ato contínuo, sem aguentar a baixa temperatura, exclamou: “Estou virando um picolé! Por favor, regulem esse diabo de aparelho!" . E foram salvos por uma simpática moça…
Por fim, o meu confidente afirmava sobre o sucesso da cirurgia da vesícula e, lambendo os beiços de satisfação, concluiu sua narrativa dizendo que hoje pode tomar sua boa cerveja (que apelida de “loura gelada”) sem a preocupação dos vômitos de bílis....
E a cada uma dessas informações o meu amigo se esbaldava em espontâneas risadas. E afirmava, com razão: “Ainda bem que a ciência nos auxilia a enfrentar os percalços da bendita caminhada ladeira abaixo”.
...
É bom conversar com pessoas alegres, tipos que tornam chistosas suas experiências, mesmo aquelas que ninguém deseja.
Um abraço ao bom e hilariante conterrâneo.
Aracaju, 20/06/2025
Beto Déda
Alegra meu dia ler suas histórias !
ResponderExcluirE eu também me alegro por você me acompanhar e comentar.
ResponderExcluirExcelente
ResponderExcluirObrigado!
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