As garotas de minha rua e a dança do “es-qui-tim-pam-pã”
Muitas vezes minha
cachola é surpreendida com lembranças chistosas de minhas peraltices na Rua dos
Ribeiros, em Simão Dias. Lá pelas três horas da madrugada de hoje, acordei-me
com recordações de meus amores platônicos com as garotas da vizinhança.

Lembrei-me, então, da
garotinha meiga que gostava de brincar de “pinto-galo”. Para presenteá-la e
fazer-me notar, resolvi colher sementes da árvore mucunã, conhecidas como
olho-de-boi. Colhi cinco sementes bonitas, muito apreciadas pelas
meninas no jogo “pinto-galo” (em que, com a mão direita, atirava-se uma pedra
ou semente para o ar e a amparava, depois de recolher ligeiramente outra pedra
para o lado da mão esquerda apoiada no chão em forma de “U” invertido). Não
esqueço o gesto simples da simpática garota, levando os dois dedos à boca, como
a me dirigir um beijo de agradecimento. Beleza pura!
Das brincadeiras próprias
de meninos uma delas me recordo com alegria. Era coisa simplória, dessas que
tem na imaginação o principal ingrediente: guiar um arco de pneu gasto, fazendo-o girar com um gancho de arame. E deixava o pensamento voar, com se estivesse
andando em uma potente motocicleta ou dirigindo um robusto carro “studebaker”. Eu corria pelas calçadas, fazendo rolar o arco de pneu, imitando o ronco de um
carro e fazendo curvas quase impossíveis, especialmente quando notava que
estava sendo observado por uma de minhas garotas encantadoras.
Na solidão dessa
madrugada insone, lembrei-me do dia que brinquei de esconde-esconde acompanhando uma
menina que eu simpatizava. Ela era esperta e eu compartilhei do seu
esconderijo. Ficamos os dois juntinhos e, ao ouvimos a gritaria da meninada, já
saindo do escondido, a esperta segurou em minha mão e me aconselhou:
- “Agora devemos fazer xixi”.
Ela fez e eu também.
E sua sugestão tinha
sentido. Para sortear os participantes que teriam que se esconder, fazia-se um
sorteio, com as seguintes palavras, com intervalo em cada sílaba, apontando
para cada um dos contendores:
“Pan-da-ro-le-ta,
pan-da-pi-ta,
pi-ta-pir-ru-je...
Vá-pra-ca-ma dor-mir,
que-não-ti-que-ro a-qui.
Vá fa-zer xi-xi”
Seguimos à risca a
última recomendação da regra da manja: fizemos
xixi.
Depois, lembrei-me para
valer daquela garota risonha, que adorava dançar e aprendia com facilidade os
passos de qualquer folguedo. Ela era maravilhosa e se esmerava em danças
ligeiras. Mas o bom mesmo era apreciá-la dando saltinhos, com as mãos nas
cadeiras, quase de cócoras, levantando a saia e cantarolando a dança em voga entre meninas da
época. Os passos tinham uma ligeira semelhança com a dança dos cossacos. As crianças adotaram um nome esquisito para a dança: “is-qui-tim-pam-pã”, por reproduzir o ritmo da música que orientava os passos. E a garota sabia cantar, pronunciando com simpatia cada sílaba, sonorizando seus ritmados saltinhos.
Vê-la cantar e dançar
o “is-qui-tim-pam-pã”, espanando o vestido, era um verdadeiro espetáculo. Beleza
pura!
As calçadas da Rua dos Ribeiros guardam causos inesquecíveis.
E minha noite insone se transformou em um agradável despertar de felizes recordações.
ARACAJU,
27/01/2017
BETO
DÉDA
esse foi um tempo maravilho, ótimas brincadeiras onde as criançada aproveitava ao máximo a companhia dos amigos e tudo era motivo de brincadeira, bem diferente de hj onde as crianças estão enfeitiçados por tecnologia e jogos eletrônicos, tive o prazer de desfrutar de todas essas brincadeiras, fazia boi de barro, carros de latas de óleo com peneus feitos de havaiana dentre outras coisas, tive uma invãncia de verdade, obrigado por nos trazer essas recordações
ResponderExcluirBoas recordações devem ser lembradas. Eu gosto muito de stivar s msmoria.
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