terça-feira, 16 de junho de 2015

 
 
A história “penosa” da escova e do AVC
 
 
Dizia meu tio Paulo que nos velhos tempos, em Simão Dias, morava um casal simpático que não economizava palavras ao exaltar a paixão que os dominava. Dir-se-ia, sem exagero, que se completavam. A união era perfeita e as carícias mútuas eram uma constante. Dificilmente afastavam-se por muito tempo.
 
Aconteceu, porém, que determinada semana a mulher teve que viajar até esta Capital para resolver problemas de saúde. O apaixonado marido não pode acompanhá-la, porque estava envolvido em inadiáveis problemas de seu trabalho.
 
Entristecido com a ausência da consorte, o marido revelava ao meu tio o desalento que sofria naquelas noites de solidão. Confidenciou que passara dois dias sem dormir e somente na terceira noite é que conseguiu conciliar o sono. E o fez usando um refrigério meio estranho, mas que surtira um efeito sonífero magistral.
 
Interessado em saber a solução encontrada, meu tio indagou qual foi o tal do “refrigério” encontrado pelo amigo.
 
Então, o apaixonado marido dizia em voz baixa: - Peguei uma escova negra e grande, daquelas que se limpa sapatos, e coloquei na cama ao meu lado.
 
E explicava que ao se deitar, para aliviar a saudade, ele alisava suavemente os pelos da escova, lembrando-se da intimidade da amada...
...
Dizia meu tio que muitos anos depois, a idade não arrefeceu o amor e as carícias mútuas do simpático casal. Os probleminhas – que se tornam grandes entraves entre amantes comuns – não perturbavam o afeto e a ternura que dominava o amor recíproco daquele casal. Viviam bem, se amavam e se completavam.
 
Mas, como nem tudo são flores, uma noite, a sorte não os favoreceu. Depois de trocarem juras de amor, o marido sofreu um preocupante AVC (Acidente Vascular Cerebral). Atordoado com o inesperado ataque, com a boca meio torta, o apaixonado cidadão, olhou tristonho para a amada esposa e com a fala pastosa disse que todo seu lado esquerdo estava ficando dormente e insensível.
 
Diante de tão triste informação, a prestimosa e querida mulher não pensou muito, nem perdeu tempo. Lembrou-se do velho ditado: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”.

E, sem perdas de tempo, antecipando-se aos efeitos do acidente vascular que começava a atingir o lado esquerdo do marido, procurou defender o que lhe interessava: meteu a mão na braguilha do enfermo e passou os já amolecidos “documentos” para o lado direito...
 
Aracaju, 06/05/2015.
Beto Déda
 

 

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