quarta-feira, 17 de dezembro de 2014


O caçador de relíquias em Simão Dias

 

Esta semana estava assistindo ao documentário Caçadores de Relíquias, no canal History, e lembrei-me que também em Simão Dias apareceu um comprador de antiguidades.

Naquela época a feira da cidade acontecia na Avenida Coronel Loyola e lá apareciam mascates, trovadores e comerciantes de todas as mercadorias, inclusive caçadores de relíquias.

Em um sábado, dia da grande feira, lá pelas 9 ou 10 horas fui merendar no bar de Seu Pedro Mendes que era vizinho à redação do jornal A SEMANA. Ali chegando, notei que naquele momento estava saindo um senhor de cabelos grisalhos, aparentando meia-idade, usando um terno surrado com gravata borboleta e portando uma pequena pasta. Era um comprador de antiguidades que já tinha negociado algumas peças antigas com D. Raimunda da Pensão. 

Seu Pedro, o dono do bar, sempre pilhérico, apontando para o homem de gravatinha, disse-me:

- É o negociante de velharias, veio aqui me indagando se tinha alguma antiguidade para negociar. Pensei rápido e lembrei-me que embaixo do meu balcão havia uma coisa muito antiga e que chegara a hora de pegar algum valor.

Acrescentou, então, que apresentara uma velharia ao comprador, o qual, incrédulo e sorridente, negara-se a comprar a “relíquia” e retirou-se pausadamente do bar.

Com ar de gozação, Seu Pedro esclareceu-me o ocorrido. Contou-me que sacara a “antiguidade” de um prego (conhecido como “pendura”), onde ele guardava as contas de quem pedia para pagar depois. Era uma velha nota de dívida de um conhecido velhaco da cidade. Gracejando, ele informava o nome do devedor, pronunciando letra por letra e juntando as sílabas...

E abrindo um sorriso largo, mostrando seu dente de ouro, concluiu:

- É uma antiguidade baratíssima! Repasso por apenas 5% do seu valor. Quer comprar?
Aracaju, 20/11/2014
Beto Déda
Aracaju, 20/11/2014
Beto Déda

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